domingo, 20 de março de 2011

Onde vive?





Eu ouço tiros lá fora. Ouço gritos em cima de um caixão. Eu vejo lágrimas caindo sob o chão rachado. Me pergunto se aquela gota trará alguma vida. Se uma flor ou uma esperança irá nascer da dor. Onde vive o amor?

Às vezes meu silêncio faz eco na solidão. Consigo escutar minha respiração. Minha voz sufocada na minha garganta. Me pergunto se jovens são realmente corajosos ou se suas palavras e as minhas ficam somente em papéis sendo apenas uma miragem. Onde vive a coragem?

Estou cansada e ainda penso que tenho muito que viver. Olho famílias se desatando, se rompendo. Lágrimas de sangue sobre o chão do lar. Me pergunto o que o futuro me aguarda e se para a união eu conseguirei correr atrás. Onde vive a paz?

Eu não sei se consigo acreditar em todas as minhas mentiras de criança. Sei que ela ainda vive dentro de mim, mas às vezes chora. Chora pelo mundo. Chora em silêncio. E ainda sim conservo o sorriso de uma criança. Onde vive a esperança?

Há quanto tempo não vejo um sorriso apenas pela admiração do dia. Pelo milagre da vida. Estamos ocupados demais com o nosso tempo. Não conseguimos ver a alegria e acreditamos mais na maldade. Onde vive a felicidade?

(Só porque não vemos não significa que não existe. Os significados mais belos da vida estão na admiração dos sentimentos mais sublimes. Mas, acima de tudo, estão na sua libertação e concretização.)

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