terça-feira, 30 de novembro de 2010

Bons momentos

Talvez seja só uma música que meu coração está tocando.
Talvez seja apenas um riso que meus lábios dão quando estão nos seus.
Eu não sei bem o que é.

Quem sabe é seu toque na minha mão distraida.
Ou talvez um sonho confundido com uma memória...
Talvez seja até mesmo um olhar tímido

Pode até ser uma boa gargalhada, uma lágrima de saudade.
Pode ser a foto de uma lembraça gravada.
Ou o banco onde conversamos.

Talvez seja mentira ou uma verdade que merece um beliscão.
Uma sobremesa como chocolate com morango.
Ou um filme de comédia, suspense, terror e amor na sala e sobre o tapete.

Esconde-esconde, pique pega, soltar pipa.
E com ela voar, com ele correr, conosco se esconder.

Talvez seja aquela música, aquela dança, aquele violão
Talvez seja aquele beijo, aquele abraço, aquele amigo
Ou quem sabe seja apenas a noite
Ou todo o dia.

Pode ser aquele recadinho com coração com sim ou não
Pode ser um pedido sobre o meio fio numa noite estrelada
Ou de baixo de uma chuva

Eu não sei bem o que é
Também pode ser o sonho de voar,
Sonho de ser gente grande
Sonho de voltar

Sair um dia com os amigos pra não fazer nada
E conversar de tudo
Ir pra uma praça e fazer planos de um futuro
Que hoje é o agora.

Eu não seu bem o que é
Talvez seja isso ou aquilo
Talvez seja aquilo e isso

A única certeza que tenho é:
Felicidade sem preço
Este é o valor dos bons momentos

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Final

- Samantha? - disse Pietro no celular. - Samantha, por favor, me desculpe. Eles... - ele ia falar algo, mas percebeu que ela estava falando. - O quê? Você quer se encontrar com o governandor e o Secretário de Defesa?Mas... - ela não deixava ele falar. - Sim, tudo bem. Eu aviso que você antes que ver seus pais. Mas...

Samantha desligou o telefone e Pietro ficou falando sozinho no seu celular. Assim que percebeu que  a amiga havia desligado, ligou para o Secretário de Defesa.
- Ministério da Defesa, Cláud...
- Quero falar com o Secretário. - disse Pietro.
- Ele não...
- Eu sei que ele esta. Aqui é o promotor Pietro. Diga a ele que é urgente. Trata-se do caso do assassino do Sr. Ernestro Graão.
- Só um minuto. - disse a secretária. - Sua chamada será transferida.

Pietro esperou apenas dez segundos e o Secretário de Defesa atendeu.
- Não disse para você não me ligar aqui?! - disse ele.
- Desculpa Sr. Alexandre Spierr, mas ela me ligou.
- E o que eu tenho haver com isso? - respondeu em tom de grosseria. - Avise as autoridades, elas resolvem o problema.
- Ela disse que quer falar com o senhor e o Governador. Disse que tinha algo que vocês estão procurando.
O outro lado da linha ficou mudo por alguns minutos. Pietro não sabia se continuava a falar ou ficava calado.
- Senhor?
- Eu ouvi o que você disse. - respondeu ele agora um pouco mais calmo. - Não vamos nos encontrar com ela. Essa jovem não tem nada que nos comprometa.
- Bem, já que o senhor disse isso. - falou Pietro tentando entender o que ia contar agora. - Ela pediu para lhe dizer que a verdade sobre o gene e a lista será revelada. O que isso...
- Porra! - gritou no telefone. - Essa garota só nos mete em problemas. Caralho! - o telefone ficou mudo por trinta segundos. - Diga a ela que vamos nos encontrar, mas que queremos as informações que ela tem.
- Tudo bem senhor. O lugar é...

Pietro deu todas as informações. Samantha se encontraria com o Governador e o Secretário de Defesa no Tribunal da cidade às 20h.

Samantha não sabia o que estava fazendo. Confiou na palavra de um suposto inimigo e agora estava tão confusa que deixou sua vida nas mãos de um jovem de 17 anos. Pegou suas coisas no quarto. Juntou o dinheiro que Pietro havia lhe dado. Conversou mais alguns minutos com João Paulo, enquanto ele arrumava seu quarto. Tinha receio. "E se tudo der errado?", pensava Samantha. Mas o plano, já estava programado para esta possibilidade. Chamou um táxi e entrou no veículo.

Segurança. Era o que ela sentia agora no banco empoeirado do táxi. Não era mais sobre o teto de seus pais, nem ao lado de seus amigos. Era em um veículo que ela se sentia protegida. Protegida do mundo lá fora, dos seus inimigos ocultos. Protegida de mentiras, de corrupção. Samantha se sentia como um bebê no ventre de sua mãe. Respirou fundo antes de sair à luz e se despedir das únicas pessoas que ela poderia confiar: Sr. Nicolau e Dona Yasmin.

Falar com eles não foi difícil. O complicado foram eles aceitarem a proposta dela. A vida de Samantha para salvar a vida dos pais. Dona Yasmin repetia com lágrimas escorrendo pela alma que não aceitaria perder outra filha. "Pela segunda vez não!", gritava ela. Senhor Nicolau apenas ouvia, mas Samantha sabia que no fundo seu pai gritava de ódio e rancor. Ódio por ver que estava velho demais para tomar a posição da filha e rancor porque seu país foi entregue à mais obscura corrupção que ele não imaginava. No fim das contas, Samantha conseguiu convencê-los, mas assim como ela fez uma proposta inaceitável para os pais o mesmo fizeram à ela: "Se algo de pior lhe acontecer, eu e sua mãe tomaremos as providências para que o mesmo ocorra com o destino de nossas vidas.", foram as últimas palavras de Sr. Nicolau antes da filha sair de casa.

Samantha ligou para Pietro pedindo que ele também fosse a reunião para ela lhe entregar o dinheiro "roubado" e disse que cumpriria com a sua palavra. Depois ligou para João Paulo, o melhor amigo desconhecido, para se despedir e confirmar o combinado.

Eram 19h50min. O Governador e o Secretário de Defesa estavam no Tribunal. Junto com eles para a supresa de Pietro e Samantha, que chegaria em breve, estavam mais seis pessoas: o delegado da polícia federal, dois ministros, a secretária do Sr. Alexandre Spierr, a mulher do Sr. Ernestro Graão e o Chefe de Estado, Sr. Hector Barbent.

Samantha ao entrar na sala não demonstrou-se surpresa com a situação. Na verdade, esperava mais. Muito mais. Ela tinha medo. Afinal, era um ser humano. Depois que perdera a irmã deixou partir junto com ela a sua fé. Mas inconscientemente ela gritava desesperadamente por uma salvação e sabia que essa salvação dependeria apenas de um jovem de 17 anos.

- Senhora Samantha. - disse o Governador tentando parecer simpático. - Que prazer em vê-la.
- Eu não diria o mesmo. - respondeu ela.
- Mas é uma vagabunda mesmo. - disse a mulher de Ernestro Graão.
- Ei! - gritou Pietro. - Fecha essa boca para de falar dela.
- Não vamos começar uma confusão antes da hora. - falou o delegado.
- Antes da hora? - perguntou Samantha indignada. - Antes da hora vocês tiararm a vida da minha irmã. Isso sim.

Ficou um silêncio dentro da sala. Até que a secretária do Sr. Alexandre Spierr disse:
- Sua irmã não deveria meter o dedo onde não é chamada. Ainda bem que o delegado deu um jeito nela.

Samantha olhou para o ex chefe. Já tivera um caso com ele no tempo que trabalhava lá. O ódio subiu em sua cabeça, mas ela teve que se controlar. Já imaginava como ele podria ter matado a irmã. Sofia possivelmente confiara nele.

- Por que? - perguntou ela. - Por que todo esse controle?
- Por que? É isso que você quer saber? - perguntou o Secretário de Defesa. - Não é possível que você seja tão tola.
- Minha jovem - disse um dos ministros. - Poder é tudo. Imagina você controlar a sociedade. Quem deve morrer e quem deve viver? E isto tudo com uma justificativa: a pessoa tem o gene da agressividade.
- O que eles estão dizendo? - perguntou Pietro à Samantha.
- Não se faça de burro. - gritou ela. - Você está junto com eles. Você acha que eu não me lembro: " A Lei da Maioridade Penal foi aprovada junto com a Pena de Morte e eu faço parte disso.". Eu deveria ter desconfiado...
- Sua idiota! - disse o Secretário de Defesa rindo. - ele não sabe nem metade da história. Agora entrega logo o arquivo. Vamos adiantar logo a sua morte.

Samantha colocou a mão no bolso. E tirou um pen drive. Entregou ao Governador e disse:
- Um dia as pessoas irão saber a verdade.
- Não se a verdade estiver morta. - respondeu o Secretário apontando uma arma para Samantha.
Ele atirou. O tirou pegou em seu peito. Ela caiu no chão. Pietro caiu ao seu lado chorando. Não entendia o que estava acontecendo.
- Por que vocês estão fazendo isso. Me dizem, por que? - gritava Pietro.
- Coitado. - disse a mulher do sr. Ernesto Graão. - Até parece que ele ama essa vagabunda. Conte pra ele. Ele merece saber a verdade antes de morrer.
O Chefe de Estado começou a falar:
- A estúpida da irmã dessa vagabunda descobriu que o Estado havia comprado uma pesquisa clandestina nos EUA que analisava os genes humanos. Um dos nossos genes é responsável pela violência, ou pelo menos era pra ser. Já que só foi comrpovado uma relação de 60%. Só que com o que o governo americano não se sente grato, nós nos sentimos satisfeitos. Vimos uma oportunidade de limitar a sociedade. Imagine, nada de pobre, de fome, de burro, de vagabundo? - disse ele com um sorriso no rosto. - Apenas uma sociedade "justa". - e deu um sorriso maior. - Agora você deve estar se perguntando: como? Simples. Nós colocamos o gene no organismo da pessoa por meio de transfusões, transplantes ou até mesmo vacinas. E pronto. Ta comprovado que ele é um assassino.

Pietro olhava indignado para tudo aquilo. E ele ajudou. Ajudou sem saber de nada. Ajudou a construir uma mentira.

- Agora. - disse o delegado. - Chegou a sua vez. - Apontou a arma para o jovem.
- ESPERE!

Era uma voz no auto falante. Havia mais alguém ali.
- Veja o que acabou de passar em toda essa meia hora na televisão. - disse a voz misteriosa do auto falante.

O retroprojetor desceu. E nele foi lançada a imagem que nenhum dos nove que ali estavam esperavam ver. Um vídeo havia sido gravado naquela reunião. E passado simplesmente em todas as emissoras de televisão em tempo real. A sociedade agora via e sabia a verdade.

Antes de Samantha sair do hotel vagabundo, João Paulo lhe disse que sabia como poderia lhe ajudar. Era um risco a correr. Ele invadiu o sistema de televisão e gravopu em tempo real tudo que acontecia dentro do Tribunal, emitindo para todas as emissoras da televisão. "A melhor forma de destruir um Sistema, é usar um Sistema maior."

A polícia cinco minutos depois invadiu a sala. E para a surpresa maior dos que ali estavam, o outro ministro era na verdade um espião. Samantha simplesmente havia armado um plano sem esperar que tivesse ajuda.

Pietro ainda abraçava-a sobre seu peito.
- Pietro. - ouviu uma voz. - Me solta. Deixa eu respirar.
Samantha estava viva. Usava colete a prova de balas, mas ficara com uma marca enorme sobre o peito.

***

O Sistema ainda funciona. Ninguém sabe ao certo quem esta no poder. São os mocinhos? São os bandidos? A única certeza que o povo tem é que nós somos suas presas favoritas. Temos poder de decisão, mas eles compram isso de nós. Temos voz, mas eles nos tiram com a morte. Mentira? Pode até ser. Ficção científica? Talvez. Conspiração? Não sei.

A sociedade encontrar na política, na segurança e na saúde um refugio para seus problemas. Acredita que tudo será resolvido de um modo ou de outro. Mas ela mesma esquce de viver o presente e vive de esperanças.

Ninguém pode ressussitar da morte, como Samantha. Não podem nos mandar mensagens codificadas de pessoas que já morreram, como Sofia. Mas temos a habilidade de corremos atrás da verdade. E ninguém pode nos tirar isso.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Continuação IV...



Samantha tinha três certezas sobre aquela mensagem: primeira, a mensagem não revelava quem era o verdadeiro assassino; segunda, o que era para lhe trazer uma solução, na verdade, lhe trouxe mais problemas e; terceira, e a pior de todas, Samantha estava certa de que sua irmã não estava mais viva.
Depois de ver o vídeo, ela e João Paulo ficaram observando a tela esperando algo ou que tudo fosse apenas uma brincadeira. Mas não era. A situação era pior do que ela poderia imaginar.

- Isto é verdade? - perguntou João Paulo. - Ou é uma brincadeira de mal gosto?
- Parece que é verdade. - disse Samantha tentando demonstrar tranquilidade. - Agora sei porque minha irmã desapareceu. Aliás, você consegue descobrir quando este vídeo foi feito?

João Paulo mexeu em algumas configurações do arquivo e então veio a surpresa: a gravação era de dois meses atrás. Isto significava que Sofia estava, na verdade, se escondendo da família este tempo todo. Se fazendo de morta. "Fizemos um funeral para você!"; "Enterramos um caixão vazio, mas cheio de dor!"; "Você "matou" nossos pais e "matou" a minha alma sem dó!", pensava Samantha.
-Você destruiu nossas vidas! - disse sem perceber.

João Paulo olhou assustado para Samantha e a viu desabar no chão chorando uma dor insulportavel e inconsolável.
- Quantas vezes você quer nos "matar"? - perguntava Samantha olhando para cima, como se lá nos céus Sofia pudesse te ouvir.

João Paulo não sabia o que fazer. Saiu do quarto e voltou com um copo d'água para Samantha.
- Acho que ela fez isso para proteger vocês. - disse o jovem. - Foi o que ela disse no vídeo: "você não pode confiar em ninguém". Talvez sua irmã gêmea tivesse medo que pessoas próximas a vocês fossem inimigos dela.

Samantha não prestava muita atenção ao que o jovem dizia. Precisava de uma distração. De algo para livrar ela daquele redemoinho de mentiras e acusações. Ligou a televisão. Péssima decisão.

"Estamos aqui de frente a residencia do Promotor Pietro Augustus que teve seu cofre arrombado e roubado pelo, segundo indica as investigações, mesmo assassino do Secretário de Justiça do Estado. Esperamos um depoimento do Sr. promotor assim que ele sair de sua residencia."

"O que está acontecendo?", pensava Samantha.
Logo o reporter se virou para conseguir uma resposta de Pietro, melhor amigo de Samantha, a respeito do ocorrido.

"Sr. promotor, o que você tem a dizer sobre o ocorrido?" - perguntou o reporter.

Samantha viu o amigo olhar para a câmera. Estava com um olho roxo e com alguns pequenos arranhões no rosto. Seus olhos demonstravam algo que Samantha não sabia identificar.

"As investigações estão progredindo. Logo o assassino se entregará às autoridades.
 
Passou mais algumas informações sobre o caso que nem Samantha nem João Paulo prestavam atenção. Agora Samantha tinha outra certeza: seu amigo lhe traira. E sua irmã tinha razão quando disse para não confiar em ninguém além de seus pais, mas Samantha não poderia acreditar que Pietro fosse lhe dar esta apunhalada pelas costa. "Ele não!".
- Você roubou mesmo o dinheiro? - perguntou João Paulo.
- Primeiro, eu não roubei. - disse ela com raiva. - Ele me deu o dinheiro. E caso você não ouviu, eles acreditam que seja o mesmo assassino do Secretário. E...
- E caso você tenha esquecido. - interrompeu. - Você é a principal suspeita.

Ela não queria continuar aquele assunto. O mundo simplesmente tinha lhe virado as costas. Não poderia voltar para seus pais, pois colocaria eles em risco. Sua irmã estava realmente morta. Seu melhor amigo lhe traira. E qualquer um pode estar envolvido nessa rede de mentiras. Estava agora sozinha. Sozinha, e cedo ou tarde seria acusada de um crime que não cometera. Seria calada para não contar ao mundo uma verdade obscura.

Nesse meio tempo se lembrou de quando ela e a irmã eram crianças e brincavam de polícia e ladrão com os amigos. Era apenas uma brincadeira. Mas era a realidade. Se escondiam atrás de carros, em cima de árvores e atrás de muros e pilastras. Agora ela era a polícia e o ladrão ao mesmo tempo. Era a mocinha para os poucos que sabiam a verdade, todavia era a vilã para o sistema corrupto e logo, também seria, para a sociedade cega. Samantha queria voltar a ser criança e viver tudo como se fosse apenas uma brincadeira, onde os policiais prendiam os bandidos e no final todo mundo saia amigo de todo mundo. Mas o mundo é seu maior inimigo. E ela parace ser a única vilã da história. É ela que será chamada de assassina. É ela que será julgada. E será a Samantha que será acusada a pena de morte.

Samantha dizia que nunca tinha medo da morte. Mas a morte lhe dava arrepios agora. Morrer sempre passou pela sua cabeça como algo natural da vida humana: nascemos, vivemos e morremos. Nada mais justo. "Será?", ela agora se perguntava. E era a segunda vez que ela lhe fazia esta pergunta. A primeira havia sido na suposta morte de Sofia. Talvez a idéia de morrer lhe dava mais arrepios, porque não seria de repente; seria com data, hora e local marcado. Se não hoje, no máximo daqui duas semanas.

- Ei! - João Paulo bateu em seu ombro. Estava fazendo isso cerca de alguns minutos.

Samantha o olhou:
- O que foi? -  falou com voz de choro.
- Pelo amor de Deus! Se recomponha!. - disse João Paulo. - Você tem mais de vinte anos e se comporta como se tivesse a minha idade.
- Será que você não entende? - Samantha gritou. - Sou eu contra um Sistema todo. Quem vai acreditar em mim e quem vai me ajudar?
- Acho que eu sei como posso te ajudar. - disse João Paulo pensativo.

 

domingo, 21 de novembro de 2010

Continuação III...



Samantha pegou o pen drive, desconectando-o do computador. Ficou pensativa em quem poderia procurar para que aquela mensagem fosse descodificada. Pensava em antigos amigos da faculdade que entendiam de computador, mas tinha receio quanto a tudo e uma desconfiança ainda maior. Pesnou em alguém do trabalho, mas desistiu da idéia imediantamente. Os amigos da faculdade pareciam ser a solução menos arriscada.

- Acho que o nerd ali do hotel da outra avenida entende disso. - falou o garoto que emprestou o computador - Ele um dia tirou o vírus do meu computador em dois minutos. Coitado.
- Por que "coitado"? - perguntou Samantha sem entender.
- Em alguma coisa nessa vida a gente tem que ser bom. - disse ele olhando e fazendo uma cara de "bom Juan". - Eu sou bom com as mulheres. Ele é bom com computador.

Samantha deu pouca atenção ao que o garoto disse. Era de se esperar atitudes daquelas de um garoto daquele. Ela poderia arriscar e tentar com o nerd da recepção do seu hotel vagabundo a resolução de seu problema. Atravessou a avenida e pela primeira vez depois de dez horas sem uma sensação ruim, sentiu que estava sendo observada ou que estava perto de ser descoberta. Talvez fosse apenas uma sensação, mas estava decidida a não perder tempo. Se tivesse que correr um risco que fosse com o garoto da recepção

- Com licença. - disse ela.
O garoto apenas levantou a cabeça e lhe entregou as chaves do quarto da jovem.
- Não. Eu não quero as chaves do meu quarto. - respondeu. - Quero que você me ajude a descodificar um arquivo que eu tenho no meu pen drive.
Ele agora parecia dar mais atenção. Mas abaixou a cabeça de volta à revista.
- Olha. Eu preciso muito da sua ajuda. É caso de vida ou morte.
Ele abaixou a revista e devagar levantou a cabeça.
- A última vez que alguém me disse para eu resolver um problema de vida ou morte me deram isto de presente. - disse ele apontando para a perna.
Samantha viu que a perna do garoto tinha uma espécie de identificador. Ele estava em prisão domiciliar.
- Me pediram ajuda pra entrar em um sistema da força aérea. Era divertido brincar com os operadores. Mas...
Samantha sabia o que o garoto ia dizer. "Mas a brincadeira saiu fora dos limites". João Paulo, este era o nome do jovem, contava a história que ocorreu há dois anos. Quando hackers invadiram o sistema operacional da Força Aérea e caudaram um grave acidente. Matando 30 pessoas e deixando 150 gravemente feridas. Essa invasão de sistema deu um grande problema para à Polícia Federal. Samantha não sabia se sentia ódio do garoto uma um certo alívio. Ódio pelas mortes e confusões que ele causou na época e, alívio por ter certeza que ele rsolveria seu problema.

- Não vem ao caso o que aconteceu há dois anos. - disse Samantha tentando se concentrar. - Se fosse hoje, no lugar de um identificador na perna, você teria um ramalhete de flores sobre seu corpo morto. - ela complementou. - Agora será que poderia me ajudar?
João Paulo percebia o tom de urgência na voz de Samantha. E sentiu que o pen drive da jovem poderia lhe causar problemas.
- Em que problema que você esta metida?
Samantha não tinha muito tempo. Iria contar a verdade a um garoto desconhecido. Sentia que cedo ou trade ainda seria descoberta.
- Eu posso ser acusada de matar o Secretário de Justiça do Estado que supostamente eu nem conhecia. E este pen drive é a minha única salvação. - disse Samantha desesperada.

O garoto não sabia por quê, mas pegou o pen drive e de se dirigiu para a porta que tinha na parede ao fundo, atrás do balcão da recepção. Samantha ao entrar, encontrou um quarto bagunçado. Um cochão jogado sobre o chão, um armário de madeira pequeno com duas portas e um computador sobre uma mesa bastande organizada. Um cômodo um tanto contraditório.
- Você vive aqui? - perguntou a jovem assustada.
- Sim.
João Paulo conectou o pen drive no computador que tinha em seu quarto. Mas antes de abri-lo ele olhou para Samantha e disse:
- Eu não sei por quê eu estou fazendo isso. Mas há dois dias apareceu um homem aqui dizendo que uma mulher apareceria com um arquivo para eu descodificar. E disse que se eu a ajudasse minha ficha ficaria limpa.
- Quem... - Samantha ia perguntar.
- Não adianta você me perguntar quem era a pessoa. Ela não disse o nome e nem nada. Estava com um capuz tampando o rosto. - disse ele sentindo um arrepio no corpo. - No dia pensei que ia ser morto. Mas é muita coencidencia para uma semana só. Por isso vou te ajudar.

Ele abriu o pen drive e depois disso Samantha não conseguiu mais acompanhar o raciocinio do garoto, nos primeiros dez minutos ele explicava passo a passo o que fazia. Mas Samantha perdeu o interesse e ele desistiu de continuar a explicação. A jovem percebia que João Paulo tinha certa dificuldade para decodificar o arquivo, mas quinze minutos depois o problema estava resolvido.
- É um vídeo. - disse ele com um sorriso no rosto. - Muito esperto que fez este arquivo codificado. - seu sorriso aumentou. - Mas não mais que eu. Está pronta?
Samantha sentiu um calafrio sobre o corpo. Bastava apena um click. Um click apenas para ela descobrir a verdade.
- Estou.

João Paulo clicou e no vídeo surgiu Sofia. Ela estava acheitando a câmera sobre seu rosto. Estava andando em um túnel. Estava ofegante, em alerta. Ouvia passos sobre poças d'água. Não estava sozinha. Estava acompanhada de amigos e, Samantha sabia, de inimigos.

"Samantha se você estiver vendo este vídeo eu provavelmente já estou morta. Eu confio em você mais que tudo. Sei que você é minha única esperança. Antes de dizer qualquer coisa gostaria que você não confiasse em ninguém além de nossos pais. Qualquer um pode ser inimigo. Quando fui para os EUA para um curso profissionalizante fui também convidada para trabalhar em um jornal local de uma cidade pequena. Você sabe disso porque lhe enviava e-mails. Mas eu sei que você notou que eu estava mais fechada quando voltei de lá. Estava mais triste, desanimada e cansada. Preste atenção Samantha ao que vou te mostrar agora."

Ela levantou uma lista com diversos nomes estrageiros e de brasileiros, dentre eles estava o Secretário de Justiça do Estado.

"Este papel contém o nome dos verdadeiros assassinos que o mundo não conhece. Nos EUA eu descobrir que cientista numa área isolada da cidadezinha onde eu estava, faziam experiementos com os genes humanos e descobriram que um gene em particular era responsável pela violencia. A questão é que eles, a fim de, supostamente, inibir a violencia, passaram a realizar testes com crianças e jovens. Aplicando estes genes nos jovens e crianças que não tinham e comparando os resultados com os que tinham. O teste deu 60% de relação e o governo americano acreditou que era uma relação insatisfatória. Contudo, haviam agentes cladestinos em busca de lucro e venderam a pesquisa para outros países. O Brasil foi um dos escolhidos."

Sofia abaixou a câmera apontando-a para o chão. Alguém parecia se aproximar.

"Presta atenção, Samantha. O governo brasileiro esta usando tal pesquisa para incriminar jovens e adultos. Os que tem o gene são acusados de crimes que não cometeram. A gente está tão ferrado que até mesmo as pessoas que não têm o gene estão sendo incriminadas. Os médicos que fazem parte deste sistema corrupto passam os genes por tranfusões sanguineas, doações de orgão e até mesmo vacinas. Tudo isso para obter controle e poder."

Ela abaixou a câmera outra vez. Estava mais ofegante. Corria mais.

"As pessoas precisam saber a verdade. Não estamos seguros. Daqui a pouco jovens e crianças serão mortos injustamente..."

A gravação foi interrompida e Samantha ouviu alguém gritando no vídeo:

"Sofia desliga esta câmera. Eles vão nos achar. Desliga esta droga."

Só se ouvia a respiração deles. Estavam em um lugar mais escuro. E não dava para identificar os rostos.

"Corre!!! Corre!..."

Voltou para a página do documento.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Continuação II

O pen drive estava com manchas de sangue. Samantha pegou-o em suas mãos. Era um objeto tão simples e seguro e ao mesmo tempo tão grandioso e misterioso. Ela tinha a sensação de que ali estariam suas respostas. Tinha receio de entregar o objeto à polícia e esta não a vê-la como vítima e sim como suspeita. Afinal quem acreditaria na história de uma jovem bêbada?




Descansou um pouco. Com o pen drive de baixo de seu travesseiro. Acordou com uma sensação mais tranqüila do que do dia anterior. Pegou uma roupa qualquer na mala e deixou separada sobre a cama, enquanto preparava-se para tomar um banho. Sob o chuveiro onde a água, mesmo que com aparência um tanto a desejar, tranqüilizava seu corpo e mente. Ela tocava levemente o cabelo enquanto a água jorrava sobre seu corpo limpando a sua alma. “A água é um lugar seguro”, pensava. Nesse ambiente de suposta segurança ela ainda tinhas flashs do que houve na noite do assassinato. Ela não havia fechado toda a porta do banheiro naquele quarto de motel. Uma pequena fresta estava aberta dando para ver a escuridão do outro cômodo. A cabeça estava girando demais para ela se concentrar em um foco qualquer. Mas lá estava. Uma sombra havia sido formada sobre o chão iluminado pela luz do luar. Ela desligou o chuveiro.



Samantha não tinha certeza se o que lembrava havia realmente acontecido ou era um desejo íntimo de acreditar que tinha. E mesmo se tivesse acontecido e o assassino a tivesse visto isso significava que ela agora se tornaria a próxima presa. Samantha antes achava que seu mundo estava perdido, contudo, agora, tinha certeza. Ela seria procurada pela polícia e pelo assassino. A primeira ainda não a tinha como suspeita o que lhe daria mais tempo, todavia o segundo ainda era uma incerteza.



Vestiu-se e desceu as escadas. Perguntou ao jovem da recepção que devia ter seus 17 anos com acne por toda parte do rosto, onde encontraria uma Lan House mais próxima.

- A senhora pode atravessar a avenida e seguir em direção ao posto. Lá você encontra uma Lan House. – disse sem nem prestar atenção nela e olhando uma revista de computação.

- Muito obrigada.



Samantha desceu as escadas, atravessou a avenida e foi na direção do posto. Nunca vira uma Lan House tão jogada às traças. Os computadores deviam ser de vinte anos atrás. Desacreditava até se eles tinham entrada usb. Se tivesse seria apenas o do atendente. Um rapaz musculoso que olhava uma revista de pornografia.

- Com licença – disse a jovem.

O rapaz a olhou e num instante abaixou a revista e se pôs de pé.

- Em que posso te ajudar Gracinha? - perguntou olhando os seios de Samantha.

- Primeiro. – disse ela colocando a mão sobre o queixo do rapaz e levantando-o na altura dos seus olhos. – me olhe nos olhos. Segundo, não me chame de “Gracinha” e; terceiro, um computador onde eu possa conectar meu pen drive.

O rapaz percebeu o tom sério de Samantha e imediatamente parou com as brincadeiras. Ele lhe ofereceu seu computador, já que, como ela imaginava, era o único com entrada usb.



Samantha pegou aquele objeto tão minúsculo em tamanho, mas tão grandioso em informação e o conectou no computador. Percebeu que o garoto que a atendera ainda continuava atrás dela observando o que ela fazia.

- Com licença. – disse ela falando com o rapaz.

- A não. Eu te ofereci meu computador. Deixei-me ver no que você irá mexer. – disse ele rindo.

Samantha simplesmente pegou sua carteira e mostrou um papel plastificado para o garoto. Era o seu registro na Polícia Federal. Ganhou quando passou no concurso público aos 20 anos. No mesmo dia que sua irmã anunciou que iria para os EUA. Samantha na verdade estava em período de afastamento do trabalho, mas lhe permitiram que ficasse com as credenciais que tinha, exceto as armas.

O garoto parou de bisbilhotar, mas ainda sim mostrava-se curioso com tudo aquilo e vez ou outra dava uma espiada por cima da revista de pornografia.



Samantha abriu o pen drive. Havia apenas fotos de uma família americana que ela tinha a sensação de conhecer, mesmo que nunca estivesse nos EUA. Havia também alguns artigos de jornal, entrevistas, notícias. Procurando mais detalhadamente, Samantha viu um arquivo com seu nome. Pensou que fosse uma brincadeira, mas não era. O arquivo tinha seu nome completo. Com informações de sua vida e de sua irmã. O ano em que se formaram no ensino médio, as escolas de inglês e francês que freqüentaram, os amigos que tinham, as festa que foram. Tudo estava ali. Cada detalhe, cada informação. O nome Sofia aparecia a todo o momento, mas Samantha somente foi se dar conta da importância do nome da irmã quando viu:



“Sofia desaparecida em...”



Não tinha continuação. O nome Sofia estava em negrito. Samantha colocou o indicativo do mouse sobre o nome da irmã procurando um significado para tudo aquilo. Desejando que ela voltasse. “Ela saberia o que fazer”, pensou.

- Olha que interessante. – disse o garoto da recepção – é um arquivo.

Samantha levantou o rosto e percebeu o que o garoto estava dizendo. O nome da irmã não estava em negrito porque o colocaram daquela forma e sim por ser um tipo de arquivo que poderia ser aberto. Samantha clicou no nome e apareceram diversas, mais de milhares de imagens. Minúsculas, grandes, médias. Nenhuma tinha conexão com a outra. Fotos de rostos, sorrisos, plantas, beijos, animais, paisagens, pessoas, lugares, monumentos, objetos. Não dava para identificar de tão rápido que apareciam. Ela e o garoto ficaram cerca de cinco minutos observando a tela esperando algo novo. Mas depois que as imagens acabaram a tela do computador voltou à página do documento.



Samantha teve apenas um pensamento: “É uma mensagem codificada.”.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Continuação...

Samantha parou em um hotelzinho perto do motel onde havia ocorrido o assassinato. Ela percebia forte movimentação no Motel Sete Pecados. Eram reporteres, advogados, perícia. Ela pretendia voltar a cena do crime de madrugada na tentativa de se lembrar o que ocorrera no dia anterior. Seu nome ainda não havia saído na mídia, isso significava que a polícia não tinha suspeitas. Passou o dia interiro naquele quarto vagabundo pensando o que aconteceria dali em diante.

Quando era mais jovem, Samantha fazia planos do que aconteceria com ela. Afirmava que se formaria, passaria em um concurso público, casaria aos 25 anos e teria seu primeiro filho aos 27 anos. Mas quando sua irmã faleceu Samantha tinha apenas 21 anos e todos os seus sonhos partiram junto com Sofia. Talvez ninguém entenda sua ligação com a irmã, afinal eram totalmente diferentes. Samantha era uma menina que desde criança mostrava-se levada, enquanto que sua irmã, apenas cinco minutos mais velha, era calma. Sim, as duas eram irmãs gemêas idênticas. E eram exatamente isso que as tornavam tão ligadas. Durante o ensino médio Samantha optou pelo curso de Direito e sua irmã pelo o de Jornalismo. Mas nem por isso se separaram. No ano em que completaram vinte anos, Sofia apareceu com uma carta da faculdade convidando-a para fazer um curso extra-curricular no EUA. Foi ali que Samantha sentiu que elas iriam se separar de vez.

Já eram duas horas da manhã e na guarita do Motel Sete Pecados só estava a polícia local. Samantha pegou a credencial de jornalismo da irmã e R$1000,00 para subornar os policiais. Sofia lhe dizia que mais fácil do que enganar o jurí no tribunal era conseguir notícia com policial. E ambas sabiam muito bem os motivos. A jovem desligou a televisão na qual passava o filme Tropa de Elite, vestiu um casaco fino para aquecer o corpo e saiu daquele quarto vagabundo.

Chegando na guarita do motel encontrou cinco policiais. Um negro baixo que devia ter uns 30 anos; dois brancos gordos um com bigode e barba mal feita e outro com marcas de espinha no rosto e mais dois mulatos um alto e forte e o outro magro. Samantha se aproximou do mulato magro,. pois aparentava ser o mais velho do grupo.

- Sr. policial. - disse ela numa voz timídia trasnparencendo sua falsa inocencia.
Todos olharam.
- Senhora... - ele olhou a credencial dela. - Sofia. Não é mais permetido a entrada da mídia. Volte amanhã pela manhã.
- Por favor. São apenas algumas fotos. - disse mostrando a câmera que sua irmã ganhara do pai quando passou para o curso de Jornalismo.
- Não posso permitir a sua entrada senhora. - disse o policial agora olhando-a de maneira diferente.

Samantha ficava extremante estressada quando os homens a olhavam daquela forma. Parecia que ela era um tipo de aperetivo para eles. Apenas algo para matar a sede. Sabia que a beleza dela e da irmã atrai muitas atenções e sempre tinha a sensação de que as conquistas que tiveram não foram pelos esforços.

- A não ser que você tenha algo a nos oferecer em troca - disse o gordo com bigode e barba mal feita olhando-a de cima em baixo.
- Tenho sim.  - disse ela tirando as notas de cem.
Eles esperavam outra coisa em troca, mas o dinheiro ainda sim satisfazia o prazer deles.

O policial abriu a guarita para que a mesma pudesse entrar. Ela seguia em direção ao quarto onde ela e o Secretário de Justiça do Estado estavam. Não que ela se lembrava com exatidão onde era, mas tinha flashs de memória do percurso que fizeram. Então o policial mulato baixo gritou:
- Ei!
O coração de Samantha acelerou. Virou-se.
- Sim?
- Como que a senhora vai seguindo se nem sabe em que quarto que foi o incidente?
- Ah! - fez cara de surpresa. - Na verdade, sei onde fica o quarto. - falou agora segura de si. - É o último quarto à esquerda no segundo andar.
- E como...
O policial negro deu um tapa na cabeça do mulato e disse:
- Parece que você é burro. - disse rindo. - A mídia sempre arranja um jeito de descobrir as coisas. Pode ir senhora. Ficaremos de guarda aqui. - e deu uma risada mais alta.

Samantha subiu as escadas cuidadosamente e a medida que cada degrau era ultrapassado ela se lembrava de algumas coisas. O copo de uísque que trazia no carro havia caído sobre a escada. Ela encontrou alguns cacos. Eles estavam muito bêbados. Dando risadas altas. Ele a puxava forte pelo braço e apertava-a sobre seu corpo. Ela lhe beijava a boca intensamente. Abriram a porta do quarto sem notar. Tiraram os sapatos depois ele a jogou na cama e estava sobre ela. Tirava a calça enquanto a beijava. Samantha tirava a saia que usava. Então disse algo no ouvido dele:
- Vou ao banheiro e já volto.

Samantha estava no quarto de motel observando o sangue sobre a cama. "Não fui eu", pensou. Ela entrou no banheiro e olhou-se no espelho. Ela lembrou de colocar o preservativo que sempre trazia na bolsa. Terminou de tirar a roupa e só ficou com sua blusa de seda que realçava seus seios. Quando saiu do quarto ele estava na cama. Parecia que estava dormindo. Ela pulou em cima dele e foi neste momento que o sangue do Sr. Ernesto Graão tocou seu corpo.

- Não fui eu! - disse alto.

Naquela noite ela levantou-se rapidamente de cima dele. Estava assustada. Com medo. Olhava em volta. A porta estava um pouco aberta. Alguém havia entrado enquanto ela estava no banheiro. "Quem?", pensava. Não encontrava respostas. Mas tentava se concentrar. Prestar mais atenção nos detalhes. "O que eu fiz depois disso?". Lembrou de tocar o corpo dele. Procurando um sinal de vida. Nada. Foi quando notou que ao tocar o peito dele havia um aparelho de metal. Pensava ser algo qualquer. Ouviu barulhos vindo do fundo do quarto atrás da janela do banheiro. Com medo e sem pensar duas vezes saiu correndo pegando apenas suas vestimentas e a bolsa no chão. Somente quando já estava dentro do ônibus que percebeu que trazia junto contigo o aparelho de metal, que na verdade era um pen drive.

Ficara tonta com todas as lembranças que tivera repentinamente. Era muito informção para um momento como aquele. Precisava voltar para o quarto do hotel vagabundo onde estava hospedada e encontrar a bolsa que usara na noite anterior. Tinha certeza que havia trago ela na mala. Saiu do motel e fez um sinal de agradecimento aos policiais que a observavam com um certo ar de admiração, cobiçando o seu corpo. Entrou no quartinho onde estava hospedada. Pegou a mala e tirou todas as coisas que havia trago. A última peça era sua bolsa de verde escura para combinar com a blusa de seda. Abriu e lá estava o que procurava.

domingo, 14 de novembro de 2010

Uma história...



Ela tinha acabado de acordar com o barulho da ambulância do lado de fora. "Mais um acidente" pensou. Continuou deitada pretendendo pegar no sono outra vez. Até que sentiu seu corpo molhado. Não sabia por quê motivo sua roupa estava tão grudenta , afinal não se lembrava de nada da noite passada. Estava cansada demais para se levantar. Todavia, se esforçou para ligar o interruptor que estava ao seu lado. A luz que não deveria vir.
Ela vestia uma calça de pijama junto com a blusa de seda que ela usou na noite passada e não teve tempo de tirar. Mas a seda estava com uma cor diferente. Não era o mesmo verde que realçava a cor de seus olhos. Era mais negro, mais obscuro. Era mais violento. A seda estava ocupada com sangue, muito sangue. Não era dela, ela sabia disso. E era isso que a assustava.
Olhou em volta em busca de resposta. O quarto estava como sempre o deixou: bagunçado. A porta do armário aberta mostrando a sua desorganização, a roupa de cama estava esparramada pelo chão junto com suas roupas intimas a qual ela escolhera com tanta dedicação esperando algo na noite anterior. O único lugar organizado deste cômodo era a cama de sua irmã que ela não ousava deixar nada em cima desde que a mesma foi dada como morta há cinco anos.
Não poderia gritar com receio de acordar os pais. Tinha 26 anos e não criara coragem suficiente para abandonar a segurança deles. Ou talvez, seus planos tenham mudado de rumo desde daquele incidente com a sua irmã. Levantou-se, pegou a roupa de cama para tampar sua vestimenta ensanguentada. Certidicou-se de que o corredor estava vazio e imediantamente entrou no banheiro.
Durante o banho limpava a blusa e pensava cuidadosamante na noite anterior. Seu amigo veio lhe buscar em casa, ela estava se maquiando enquanto ele conversava com seu pai. Sr. Nicolau confiava somente neste amigo. Ela vestiu aquela blusa de seda e olhou-se no espelho. "Desculpe por usar sua blusa, Sofia" pensou e uma lágrima escorreu de seus olhos. Ela sempre se desculpava com a irmã falecida por usar suas roupas. Saiu, despediu-se de seu pai e de sua mãe, que quando a viu começou a chorar. Fez as mesmas falsas promessas que fazia aos pais. "Não se preocupem. Não irei beber"; "estarei em casa cedo" e; "podem dormir tranquilos". Nenhum pai dorme tranquilo depois de perder um filho. Entrou no carro de Pietro e pegaram a avenida principal. Ela começou a festa cedo. Já estava em seu segundo copo de vodka puro dentro do carro. Pietro insitia para que ela parasse e que continuasse somente na festa. Mas a suas palavras de amigo não serviam mais. A festa era de um conhecido dela da antiga faculdade que ela havia abandonado depois de tudo. Depois...
Não se lembrava. Ela não se lembrava o que aconteceu durante a festa e depois dela. Não se lembrava de como havia chegado em casa e como aquele sangue havia parado em sua blusa. Ouviu uma batida na porta:
- Filha. É você? - perguntou Sr. Nicolau.
- Sim. - respondeu sem dar nenhum sinal do desespero que sentia.
Terminou o banho. Vestiu uma calça jeans e uma blusa cavada branca e calçou uma rasterinha. Saiu do banheiro e foi direto para a cozinha realizar sua rotina para que os pais não desconfiassem. Tomou um café com leite e comeu pão com ovo. Sua mãe a olhava desconfiada.
- Você chegou que horas ontem? - Dona Yasmin perguntou.
- Não sei. Não me lembro. - e continuou a comer.
- Pois eu me lembro. - disse sua mãe. - Você chegou exatamente há duas horas. Será que você não toma juízo "dona" Samantha? Já não basta a gente ter perdido a sua irmã. - começou a chorar. - Você quer aumentar ainda mais o nosso sofrimento?
- Mãe! Eu cheguei em casa, não cheguei? Estou aqui, não estou? - pegou a mão da mãe e tocou sobre seu corpo. - Então para com este trama. E...
- Respeite sua mãe Samantha. Você está fora dos limites. - seu pai entrou na conversa. - Todo final de semana é a mesma história de sempre. Você chega em casa bêbada de madrugada e não lembra de nada. Até quando vai durar essa sua irresponsabilidade?
- Até quando vocês aceitarem que eu não sou a Sofia. - ela respondeu sem pensar e saiu da cozinha já pegando a chave do carro.
Não queria ouvir sua mãe chorando. Não aguentava vê-la chorando. Já fazia cinco anos que a irmã havida sido dada como morta mesmo que nunca houvessem achado o corpo dela. E a mãe ainda tinha esperança de encontrá-la. Se Sofia estivesse viva alguem ligaria pedindo resgate ou então ela apareceria. "Sofia daria alguma notícia" era a única justificativa que fazia Samantha aceitar sua morte. Já estava na rua e nem notara. Decidira, no meio do caminho sem direção, ir para a casa de Pietro em busca de informações da noite passada.
Tocou o interfone sem parar até que finalmente ele atendeu com a voz sonolenta.
- Pietro. Sou eu, Samantha. Deixe-me entrar.
Ele abriu a guarita do prédio Residencial Solar e esperava Samantha na porta de seu apartamente 212A. Com sua cueca samba canção azul e escorado na porta ele parecia um típico vagabundo de faculdade e ninguém imaginaria que aquele era um dos grandes promotores da cidade. Pietro tinha 28 anos. Conhecera Samantha na faculdade. Era alto, moreno claro, cabelo bagunçado e olhos castanhos escuros. Muitas mulheres dariam tudo para ser Samantha naquela hora.
- Da próxima vez vista alguma coisa.
- Você sempre me viu sem blusa.
- Mas não com cueca
- Você quer que eu tire. - ele brincou.
Finalmente percebeu que Samantha estava séria demais e vestiu uma calça jeans clara e uma blusa vermelha. Só vira Samantha tão séria uma única vez quando ela recebeu a notícia de que Sofia havia desaparecido. Depois disso os humores da amiga variavam de muito triste para um pouco menos triste.
- O que houve? - perguntou Pietro.
- O que aconteceu ontem na festa?
- É essa a pergunta? Samantha você me acorda uma hora dessa pra fazer a pergunta que você me faz sempre?
Aquela não era realmente a pergunta que ela queria fazer e ambos notaram isso. Mas Pietro ainda sim respondeu:
- Você bebeu todas e depois desapareceu com um homem.
O final assustara Samantha, mas ela tinha que continuar a conversa.
- Que homem?
Alguém bateu na porta. Só que não foi somente uma batida. Foram batidas desesperadoras seguidas de gritos chamando por Pietro. Era sua vizinha com quem ele tinha sucessivos casos. Ela tinha ciúmes de Samantha, mas a ida dela ali, com certeza, não era por ciúmes.
- Você... - ela notou que a melhor amiga dele estava lá. - Vocês viram o noticiário da televisão.
Ligaram a TV para saber do que se tratava. A notícia que Samantha também não deveria escutar.

"Foi encontrado hoje no quatro do Motel Sete Pecados o corpo do Secretário de Justiça do Estado, Sr. Ernesto Graão. Ele foi encontrado com sete facadas em pontos estratégicos do corpo. Segundo afirma o delegado responsável pela cena do crime o assassino com certeza sabia onde realizar os golpes de forma que a vítima sofresse lentamente e perdesse o sangue aos poucos.
Sr. Ernesto Graão estava em um evento da alta sociedade jurídica a fim de comemorar a adesão do país à pena de morte e também a diminuição da maioridade penal. Segundo afirmam familiares da vítima ele não tinha nenhum inimigo se não parte da população que era contra essa adesão.
A viúva de Ernesto Graão não tem nada a declarar quanto ao corpo do marido ter sido encontado em um motel..."

Pietro desligou a televisão e se juntou a sua vizinha e a amiga no sofá que, como ele, estavam pasmas com o acontecido.
- Vocês estavam nesse evento. Não viram nada de estranho? - pergunto Grazi, a vizinha.
- Não. Não vimos. - respondeu Samantha.
- Será que você poderia nos dar licença. - falou Pietro se referindo a sua vizinha. - Eu e Samantha precisamaos resolver alguns assuntos quanto ao acontecido. Precisamos fazer algumas ligações e visitas.
Grazi saiu do apartamento e instataneamente Pietro correu para seu quarto e pegou uma mala. Tirou o quadro de Picasso que tinha em seu escritório onde atrás se encontrava um cofre. Samantha não entendia o que o amigo estava fazendo. Será que ele era o assassino?
- Pietro da pra me explicar o que você esta fazendo?
Então ele percebeu que Samantha não sabia de nada. Ela realmente não se lembrava de nada. Ela não sabia que o homem com quem ela saiu naquela noite era o Secretário de Justiça do Estado.
- Você não se lembra?
- Lembro do que?
- O Sr. Ernesto Graão é o homem com quem você saiu noite passada. Eu lhe disse para você não ir com ele. Mas você não me escutou. Não ligava que ele era casado. Eu te disse mil vezes que ele não era companhia para você. - e falava sem perceber a expressão de Samantha. - Mas você mudou muito desde de que sua irmã faleceu. Você nem me escuta mais...
"Você isso", "você aquilo". Samantha não consegui escutar nada. Eram apenas frases sem final. Na qual ela sabia que era a protagonista. Ela era o sujeito da ação e da reação. Ela via Pietro gesticulando seus lábios em um som mudo e sua mente procurava criar significado para tudo aquilo. "É mentira," ela pensava. "Eu não matei ninguém", ela insitia. Lembrar era o que ela mais desejava. Agora só via pequenos flash. A dança, o uísque, a cantada, a pegada, a saída, o motel. E depois? O que aconteceu depois? Ela passou a noite junto com aquele estranho? Ou ele não era mais um estranho para ela?
- Samantha! - Pietro sacudiu seu braço. - tome esse dinheiro. - ele lhe entregou a mala. - Você vai precisar dele mais do que eu. E...
- Não! - falou a amiga jogando a mala no chão. -Eu não vou fugir. Não podem me culpar por algo que eu não fiz. - ou que pelo menos ela achava que não havia feito.
- Você não entende Samantha. A lei de pena de morte foi aprovada e você foi a última pessoa que estava com ele quando morreu. Você é a única testemunha e também a única suspeita. O Sr. Ernesto Graão é um homem importante e com certeza a justiça irá procurar a primeira pessoa qua aparecer. Pegue logo isso e suma por algum tempo. - disse lhe devolvendo a mala. - Mude seu número, sua identidade. Que sabe mude até de país.
- Pietro você está exagerando.
- Não! - disse ele quase chorando. - Eu não estou exagerando. Quando a lei foi aprovada e eu ajudei a aprova-la eles afirmavam que já iriam matar os presos que estavam sendo julgados por asassinato até mesmo os menores de idade. A mídia não sabe disso, pois eles só iriam anunciar depois de algum tempo. Por favor Samantha. Saia. Saia daqui enquanto é tempo.
Samantha saiu da casa de Pietro com R$500.000,00 na mala. Não sabia para onde ir. Conseguiria facilmente mudar sua identidade, pois poderia pegar o nome de sua irmã falecida. Daria tempo de ir em casa e pegar algumas poucas roupas e desperdice dos pais. Poderia inventar uma mentira qualquer como sempre fazia, só que desta vez haveria de ser para sempre.


- Aonde você vai? - perguntou seu pai.
- O senhor sempre me disse para eu tomar jeito na vida. É o que estou fazendo. Estou indo embora de casa para deixá-los em paz.  - disse Samantha controlando as lágrimas para que elas não caissem sobre o rosto. - Desde que Sofia morreu vocês vivem me perseguindo, perguntando onde eu vou, onde estou, o que vou fazer. Não confiam mais em mim. Sermpre desconfiando de tudo. - O que ela iria dizer agora doeria para dos dois lados. - Sabe o que eu acho? - "melhor eu dizer para não vê-los sofrerem por mim". - Que vocês prefeririam a minha morte do que a de Sofia.
Pronto. O que ela não tinha que dizer, ela disse. Agora deveria pegar alguma estrada qualquer e seguir. Pois essa história apenas começou.

sábado, 13 de novembro de 2010

Mantenha a mudança

Faz algum tempo que não escrevo no meu blog. Este tempo em que estava ausente uma pessoa muito querida tomou conta dele por mim. Quero agradecer ao Thiago pela nova personalização. Espero que os leitores também aprovem.

Essa semana foi super agitada. Não sei bem sobre o que escrevo hoje para comemorar a reabertura do blog(que ainda passará por mais mudanças).
Tive uma idéia. Irei falar sobre mudanças e o que vier na bagagem.

No mês de dezembro irá fazer quatro anos que moro em Goiânia. Mas o que realmente fez mudar toda a minha vida foram as companhias. Sempre me pego a pensar como seria a minha vida se eu ainda estivesse em Brasília. Será que os velhos laços seriam mantidos? Será que eu seria quem eu sou?



A minha alegria ainda continua a mesma. E algumas velhas amizades ainda foram mantidas. E as que não foram estão guardadas no presente das lembranças.

A maior mudança talvez pela qual passamos deva ser de pensamentos. Talvez o que acreditávamos ser uma verdade absoluta torna-se mais ralativo. Que aqueles sonhos de criança simplesmente são ainda os nossos sonhos de adultos, mas, é claro, com algumas verdades incovenientes. A idade trás a confirmação da responsabilidade. Agora o tempo parace diminuir e não sobra mais minutos e nem se quer segundos para brincar de pique-pega, pique-esconde, polícia e ladrão. E uma frase que eu nunca pensaria dizer: "Nem tenho mais idade pra isso". Apesar que há alguns meses brinquei com meus primos de pique-banderinha e percebi meu sedentarismo.

Mudanças que ocorreram também foi minha passagem do ensino médio/cursinho para a faculdade. O segundo e terceiro ano do ensino médio e o cursinho, foram semestres maravilhosos. Com reuniões em casas de amigas, bolos de chocolates, bricadeiro, pipoca. Os lanches comunitários da turma em que os homens da sala só contribuiam com refrigerante; os estudos (im)produtivos; as conversas viagens; as paíxões. Mas, acima de tudo, os amigos que fiz. Amizades inexquecíveis que irão permaner eternamente em minhas lembranças e também, espero, constantemente em meu presente.



Talvez a gente nunca venha a entender a mudança até que paremos para pensar em tudo pelo o qual já vivemos. Antes éramos apenas jovens querendo passar no vestibular. Agora somos os mesmo jovens procurando o caminho certo que nos leva aos nossos sonhos. Só que agora temos mais novas companhias, mais novos desafios (horas-aulas + estágio + faculdade + festas) e mais um milhãos de mudanças a viver.


Porque esse foi o primeiro semestre de quatro anos que ainda temos que viver.
Mudei minhas vida, minhas companhias e meus pensamentos. Mas mantive os meus ideais, os meus sonhos, minhas alegrias e principlamente, minhas verdadeiras amizades.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mistério


Ainda estou tentando entender tudo. Ou entender melhor um pouco de cada coisa. Por que somos quem somos? Por que chegamos a amar tanto que dói o coração? Ou a odiar com a mesma intensidade? Por que a conciencia fala mais forte que que este orgão que bate forte aqui dentro do meu peito? Ou por que este mesmo estúpido orgão perde toda a razão?

Às vezes o Universo mostra-se milagroso em seus infinitos e inexplicáveis dias. Ele controla minhas decisões, meus sonhos, meus pesadelos, meus medos. Ele dita o momento do encontro e também a eterna despedida. O mistério dessa vida é tão imenso quanto os olhos de uma criança e os caminhos incertos do futuro.(E o homem nessa tolice de encontrar o limite de tudo.)

E se não existe limite? E se somos o que somos porque devermos ser. Se estamos aqui e agora porque é assim que deve ser. Indecisões aparecerão, dúvidas nos atormentarão; mas nunca o ser humano estará sozinho. O mais triste e solitário dos homens terá uma companhia, mesmo que uma das mais temidas e desprezáveis: a infelicidade.

Todo homem no fundo já foi infeliz na vida. Mas nenhuma alma foi completamente desemparada pela felicidade. Aquerle sorriso quando seus pais lhe deram o primeiro olhar; ou aquela lágrima de felicidade quando você viu seu amor chegar; ou aquele amigo engraçado que faz piada sem notar. A melhor companhia é aquela que temos todo dia e não notamos sua presença, mas a sua ausência é inimáginável e incapaz de aceitar.

Eu nunca vou entender tudo e nem quero entender. O Universo me proporciona mistério na razão e no abstrato, nas alegrias e tristezas, na vida e na morte. Mas alguns mistério eu queria entender: Por que só damos valor depois que perdemos? Por que não dizemos que amamos quando deve ser dito? Por que tememo a maior fonte de coragem: o amor?

Por que?
Por que?
Por que?

(Não se esqueça: o MAIOR mistério e milagre dessa vida é VOCÊ.)