segunda-feira, 25 de abril de 2011

Estrelas



Me pergunto o que vou dizer aos meus filhos e sobrinhos quando me perguntarem qual foi a melhor lembrança da minha juventude. Neste feriado eu encontrei a resposta. 

É surpreendente como pessoas incrivelmente especiais aparecem em nossas vidas. Como conseguimos nos identificar com elas apenas pelo olhar e pelo sorriso. Como qualquer lugar fica bom sabendo que seus amigos estão ao seu lado. Seja na alegria ou no sofrimento. Seja dando tudo e até o sangue. 

É ótimo saber que podemos voltar a ser criança perto deles. Podemos jogar um vôlei improvisado, queimada ou  catar a bola em cima do telhado . Podemos até relembrar nossa pré adolescência nos divertindo com "verdade ou conseqüência" ou com a brincadeira da "mãozinha" (ticket nervoso). Ou podemos ser nós mesmo com uma dose de álcool no sangue para deixar-nos mais descontraídos. Estar dispostos para dizer a verdade e muitas mentiras no "eu nunca". Jogar truco não apostando nada, a não ser a certeza de uma boa companhia.

Preocupar-se com amigos que sumiram na madrugada escura e fria a procura de, nada menos que, água. Ouvir apelidos engraçados e inovadores como Foca e Simba. Fazer bebidas com xarope de maçã verde, água com gás e vodka. Ou uma versão simples do sex on the beach: tampico com groselha e vodka. Ou leite condensado, gelo, vodka e bala de halls. Ou suco de uva, groselha, tampico, xarope de maçã verde, uma dose de vodka e algumas gotas de limão. A questão não é seguir a mistura, mas inventar a sua.

É tomar banho de mangueira durante a noite e se divertir como se tivesse tomando banho de chuva. É dançar sem ligar para o que vão pensar ou dizer. É simplesmente ser você o tempo todo e a todo momento. Existe apenas duas regras na nossa companhia: ou você rir ou você chora de tanto rir.

Dançar forró em show. Subir nos ombros dos amigos mesmo estando de frente ao palco. Andar, dançar, olhar e beijar. Viver. Lembrar e guardar. E dizer tranqüilamente: eu curtir minha juventude.

Todos estes acontecimentos foram inesquecíveis. Mas dentre todos um se revela fascinante. Na madrugada deitar no chão junto com seus oito amigos, olhar as estrelas e ouvindo músicas memoráveis. Não era apenas olhando e sim enxergando. É fazer planos para o futuro com o brilho das estrelas iluminando o caminho; é relembrar histórias graças a luz das estrelas e; principalmente, fazer desejos para duas estrelas cadentes que passaram rasgando o céu na esperança de que todos aqueles momentos, aquelas brincadeiras, aquelas invenções, aqueles sorrisos e aqueles rostos nunca desaparecessem.



Sabe o que direi aos meus filhos e sobrinhos: depois de uma grande festa com seus grandes amigos deite no chão e observe a imensidão da noite iluminada pelas estrelas. Porque este momento lhe fará lembrar da grandeza da felicidade.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Horror no humor



No domingo assisti um programa de "comédia" do qual todos devem conhecer: Pânico na TV. Nunca tive interesse em assisti-lo, mas meu irmão estava no canal e vi a oportunidade, se assim posso dizer, de conhecer o programa. Eu não estou tão por fora como as pessoas acham. Sei que tem o Vesgo, o Silvio e o Fred Mercuri Prateado. É, só são estes que eu sei. Além das mulheres com nome de frutas.

Confesso que o programa é realmente engraçado. De tão idiota chega a ser engraçado. Vê pessoas sendo tiradas e os personagens fazendo ironia com os entrevistados é realmente cômico. Mas exatamente no dia que eu assisti, lá também estava o motivo para eu não querer assisti-lo.

O apresentador do Pânico da TV estava mostrando sua "indignação" quanto ao humor maléfico usado por seus colegas. Das várias atitudes idiotas e repugnantes de certos membros desta equipe alguém só foi tomar a noção da razão agora. Antes tarde do que nunca. A questão é que o humor deixou de ser engraçado e passou a ser trágico. Não significa mais risadas e sim ataques de raiva e principalmente VINGANÇA.

Sim. Vingança foi uma das palavras que vi saindo da boca do acidentado. Na hora pensei que ele tivesse parte da razão, afinal ele teve seu ombro reconstruído devido a "brincadeira" mal planejada. Pensei que ele fosse o coitado da história até saber que ele mesmo plantou o que colheu. Quando eu vi o reprise do que "coitado" já havia feito com seus colegas e, o pior de tudo, a forma como ele os trata no cotidiano foi assim que tive a confirmação que o programa sempre foi o que pensei: a decadência do ser humano.

Depois pais ficam se perguntando porque filhos são tão violentos, afinal violência agora é brincadeira. Jogue o computador na cabeça de um. Ou melhor, quando forem pescar, coloque o anzol na boca dele e finja que ele é um peixe. Acha pouco? Então dá logo uma paulada com um pedaço de madeira. Quem sabe assim salve o resto do mínimo de moral que resta nele.

O programa Pânico na TV é sim engraçado e cômico. Mas, infelizmente, alguns personagens e atrações perderam a graça. Perderam a risada. Perderam o humor. Ao invés disso, encontraram o horror.  

sábado, 16 de abril de 2011

Será que me apaixonei?



Confesso que estou apaixonada. Meu sorriso me condena. Minha alegria me expõe. Somente meu coração que me salva. Escondido, ele parece (apenas parece) seguro. Mas inseguro está. 

Seus segredos despertam minha curiosidade de tentar descobri-los. Sua timidez me intriga e às vezes me faz ficar até timída. Eu te escuto, mesmo sabendo que você está em silêncio. Te admiro em alguns detalhes que poucos notam como a sua capacidade de apenas observar. Eu te estudo nas suas poucas palavras ditas.

Tudo isso, por mais surpreendente que seja, também me irrita. Me irrita não saber o que está passando pela sua cabeça ou o que, pelo menos, você queria dizer. Me irrita não saber se você sabe o que sinto por você. Mas o que me irrita mesmo é não saber se isso é apenas uma brincadeira ou uma confusão de sentimentos ou é mesmo paixão.

No final das contas me pergunto: será que me apaixonei?

(Eu odeio a forma como eu te amo. E amo a forma como te odeio.)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

12 corações

Silêncio. Silêncio é a nossa resposta. Silêncio por não termos palavras. Porque morremos pela dor e pelo sofrimento. Mudos ficamos porque temos medo. Medo de despedirmos de 12 corações inocentes. E de todas os outros que foram tirados de nós, seja pela fome, pela morte, pela loucura.

Fracos e impotentes nos sentimos. Não somos mais heróis e até me pergunto se somos mesmo humanos. Estamos sufocados e engasgados. Parte de nossa alma morreu, pois os 12 corações foram silenciados. E me pergunto quanto de nossa alma ainda resta porque mingüamos em espírito.

Desespero no corredor da morte. Crianças correm para fugir dela. Para fugir de tiros premeditados. Para fugir da loucura de um homem. Mas 12 inocentes, 12 corpos, 12 corações pararam.


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           12 corações de crianças morreram.

(E outras ainda estão entre a vida e a morte.)

domingo, 3 de abril de 2011

Cansada



Eu estou ocupando meu tempo planejando o meu futuro. Tudo e cada passo é dedicado à planos. Mas estou cansada. Cansada de me enganar. De achar que sou uma ilha e que não preciso de alguém do meu lado. Estou cansada de ficar focada somente em meu profissional e esquecer-me do meu social. 

Também estou cansada de carregar o mundo nas minhas costas. Não quero ouvir mais problemas nem vivenciá-los. Quero uma solução, quem sabe até uma fuga. O único momento que me sinto livre é quando estou com meus amigos. É quando o sorriso sai livremente, quando a lágrima cai porque não aguento mais rir. É o único momento que realmente me sinto feliz.

Estou cansada de ver e ouvir brigas. Discussões. Chega de fingir felicidade de ter um sorriso estampado na cara. Chega de ser conhecida como "risadinha". Eu posso parecer feliz, mas NÃO estou feliz. Prefiro sorrir porque é assim que atraímos pessoas e amigos, pelos sorrisos. Somente pelo sorriso falso. Meu mundo particular na verdade esta desabando e eu só venho aguentando o mundo dos outros. Tenho ouvido desabafos e choros. Mas quando eu estou sendo ouvida? Sou ouvida pelo meu próprio silêncio.

Eu sou realmente apaixonada pela vida e pelos seus milagres. Mas cada dor que aparece para mim é um terremoto. Eu choro por dentro e grito em minha solidão. Nem meu corpo mais aguenta tamanha pressão. Minha cabeça explode em preocupação. E eu sei porque....

Porque minha felicidade foi e sempre será feita pela felicidade dos outros. Pelas pessoas que eu amo. Pela minha familia e amigos. Pelos meus colegas e conhecidos. Pois queira ou não eu amo cada um de uma forma. Pois cada um faz uma mudança no meu mundo. Mas tenho que lhe dizer-lhes: Estou cansada!

E não sei quanto tempo irei aguentar. Desistir eu não irei desistir. Mas de alguma forma eu irei escapar. Meus ouvidos não irão escutar e meus olhos não vão enxergar. E, mesmo assim, eu sei que serei incapaz de não sentir.