domingo, 24 de junho de 2012

Conselho

O tempo passa como se fossem apenas segundos. Mas você guarda cada sorriso, cada olhar, cada conversa e cada lágrima como se fossem eternos. A vida me ensinou que às vezes apenas passamos seja para deixarmos algum ensinamento ou para aprendermos algo. Outras vezes, ficamos, seja apenas na memória ou em corpo e alma. O importante é que "estamos sempre presentes".

O que sou, foi quem e o que me fizeram ser. Se o futuro me presenteia com boas surpresas foi porque, essencialmente, meu passado me permitiu estas realizações. Não sei bem ao certo se voltarei a encontrá-los, os grandes artistas da minha vida, mas com certeza vou lembra-los seja numa conversa com amigos atuais, seja nos sonhos ou até mesmo parada no tempo. Agradeço a todos e a todas que fazem de mim grande e que me permitem ainda continuar acreditando.

Um aplauso a vocês por fazerem de mim quem sou!
E continuem, por favor, continuem inspirando pessoas como me inspiraram!

sábado, 16 de junho de 2012

PaLhAçO

Estou sentada de frente ao espelho me maquiando. Primeiro pego o lápis preto e faço o contorno no meu rosto. Respeitando as linhas e o sorriso. Faço questão de fazer o desenho de uma gota suave abaixo do meu olho esquerdo. Depois pego o branco das estrelas da minha bandeira e do plano de fundo do "Ordem e Progresso" e preencho o vazio da minha pele, da minha alma, da minha voz. Por fim, o vermelho do meu sangue e da minha dor para colorir a minha boca. E para aperfeiçoar a minha real personalidade acrescento aquela bola vermelha de borracha no meu nariz. Levanto meu rosto para o espelho e vejo quem sou: o PALHAÇO.

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Levanto-me do chão e lembro-me de quando era apenas uma criança que colocava uma máscara de super herói e lutava contra os bandidos que roubavam o dinheiro da população. De quando eu sonhava que seria médico e salvaria vidas, de que seria policial e protegeria vidas, de que seria um bombeiro e guardaria por vidas, de que seria um professor e ensinaria vidas. De quando eu seria um líder e INSPIRARIA vidas.

Meus pais me olham impressionados e me pedem para não sair. Não estão com receio de rirem de mim, mas de me calarem. A maioria de nós acredita que é uma luta perdida e meus pais não são diferentes. Não é que eles não se importem, simplesmente não tem mais forças para acreditar em mudanças. Mas eu vou mesmo assim. Vou me vestir com a cara de milhares de brasileiros. A cara de palhaço que todos nós temos. Porque nem cor, nem etnia, nem crença, nem fé, nem sexualidade, nem opinião nos tira no nariz redondo vermelho do rosto.



Pego a placa que fiz no dia anterior e seguro como se minhas mãos estivessem sendo cravadas com pregos. Leve, mas pesada em valores. Valores esquecidos e que merecem ser lembrados. 

Desço as escadas. O porteiro me cumprimenta e ri. Acha graça, mas depois percebe que me fantasio por ele e pela família dele. Sem nenhuma graça, abre o portão. O portão da nossa opinião, da nossa voz, da nossa realidade.

Saio a rua e sou cumprimentada. Pessoas querem tirar fotos. Filmam a minha passarela de verdades. E quando menos espero, mais um jovem se junta a mim e ao seu lado seu pai. Mais tarde uma senhora. Depois estudantes, professores, médicos, policiais, bombeiros, empresários, engenheiros, pedreiros, farmacêuticos, enfermeiros, arquitetos, outros profissionais, cidadãos, homens, mulheres, homossexuais, bi, negros, brancos, amarelos, pardos, roxos. Todos.

E agora temos emissoras de TV. Temos repórteres que largam o microfone e também pintam as caras. Por fim, um helicóptero filma as mais de 1.000.000 pessoas na manifestação e foca a minha placa. A minha mensagem foi passada. 

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Estou com o nariz de PALHAÇO olhando para o espelho. Esperando que aquela mensagem faça alguma reação em mim.

(Caros palhaços que mensagem você colocaria na placa?)