domingo, 31 de agosto de 2014

A carta





Na carta estava escrito: "Apenas me prometa que você não irá fazer planos que comprometam sua espontaneidade. Nem que irá deixar de acreditar em você porque alguém o decepcionou. Me prometa que irá fazer o possível para dar certo, mas que a luta nunca é somente sua. Prometa que você não vai colocar a culpa nos outros quando seus planos derem errado, mas amadurecer com a queda e saber que é você seu pior inimigo. Me prometa que você vai se permitir arriscar, mas para o bem. De que você não terá medo de demonstrar seu amor por pessoas que realmente ame. Me prometa que não irá se arrepender das coisas que deixou de fazer, afinal foi lhe dado a opção. De que você irá sentar a mesa e conversar com as crianças sobre o mundo incrível que elas ainda estão para conhecer e com os adultos o mundo maravilhoso de quando eram crianças. Me prometa de que apesar do mal humor de manhã, você ainda será capaz de sorrir, desejar " bom dia" e descobrir motivos de alegria. Me prometa que desistir nunca será uma opção. De que você não perderá a curiosidade do mundo e se permitirá sempre aprender com todos e com tudo. Prometa que vai amar e se entregar de corpo e alma. De que viajará para conhecer o mundo e não apenas os lugares turísticos. Me prometa que irá doar o que não precisa e nem guardar o que não necessita. De que, pelo menos, uma vez a cada cinco anos se dará a oportunidade de revirar as lembranças em caixas, cartas e fotos, apenas para se lembrar da pessoa incrível que você é. Prometa que não irá esquecer seus pais, tios e primos; e fazer visita a eles sem motivos. De que irá cantar e dançar com ou sem amigos dentro do carro ou no corredor do supermercado. Prometa que irá acreditar, mesmo sem religião. De que se permitirá fazer diferente e não se entregar a rotina. Me prometa que irá observar alguns amanheceres e anoiteceres. Fazer coisas que fazia quando criança. E pisar na grama verde. Em fim, me prometa de que sempre haverá mais motivos para seguir em frente do que motivos para desacreditar."

Não havia remetente.
Todos os leitores eram seus destinatários.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Amar é natural



Porque amar tem que ser natural.
Sem lápis.  Maquiagem ou batão. Seja de short, jeans ou moletão. Porque amar não tem ocasião. Um dia estará pronta para sair toda arrumada. Mas em outros estará totalmente desanimada. Porque ninguém vai estar pronto para amar. Terá sempre que se adaptar. Seja para as manias dele. Ou para as chatisses dela. Amar requer compreensão. Atenção, carinho e principalmente paixão. Amor não é só beleza, mas nem sempre tristeza. Amor é brincadeira e conversa. Sexo, respeito e vice-versa. Amor é gripe, filme e chocolate. Amor é chuva, cobertor e amizade. Amor é presente sem motivo. É sentir-se emotivo. Porque amar é conhecimento, inteligência e crescimento. Amar requer criatividade e inovação. Mas nenhum amor sobrevive sem perdão. Amor é paciente e não escravo da paixão.

Amor é natural. Sem maquiagem e tantas outras bobagens.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Ipê amarelo

Foto por Ana Celeste


E o tempo não há de voltar. Embaixo daquele Ipê amarelo de quando lhe beijei. Bate no peito a saudade e nossa antiga canção do seu velho violão. Sei que amanhã há de vir, mas deixa eu aqui estar, perdido nas nossas lembranças deste céu azul. O sol arde, iluminando cada curva daquela árvore em que lhe abracei. E as fogueiras que fizemos, dos amigos que encontramos e do pé descalço no verde amarronzado deste cerrado. Fico aqui admirando o firmamento com as cores do brilho do aquarela. Abro meus olhos e percebo que não foi sonho, foi realidade em imensidão. E quem há de dizer que a vida não é bela, é porque ainda não encontrou esta beleza a lhe abençoar. Com corpo áspero pelo tempo, mas alma pura como a seiva que lhe corre. Deixa a vida acontecer, assim como o suave vento toca as  flores deste Ipê. O mesmo vento que leva os anos que vivemos. Praias, pousadas, praças, viagens e estrada. Mas tudo há de ficar eterno como meu riso fácil toda vez que ainda beijo seus lábios.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Saudade



A saudade é uma palavra pequena demais para demonstrar os sentimentos mais puros e as lembranças mais eternas que temos por algumas pessoas. Ela é o pedaço da alma dos outros sobre a nossa própria alma. Uma luz que, de certo modo, nos guia para não cairmos no esquecimento de nossa própria dor de perda, de vazio. É um sentimento de espera, onde o tempo se torna nosso maior aliado e também nosso maior inimigo. Aliado em ver que, embora sem aqueles que amamos, a vida continua ao lado de tantos que nos amam e, nosso maior inimigo, porque foi exatamente ele que se antecipou. Ficamos aqui, portanto, a esperar. E a cada dia juntando forças, para a vida continuar. Talvez esta seja a saudade, o milagre de nos fazer vivos e presentes mesmo na dor. A saudade então se torna a confirmação de que realmente amamos, nos entregamos e vivemos por algumas pessoas. E que estas pessoas são a melhor parte de nós. Porque mesmo após partirem, parte de suas almas e todo seu amor nos guiam na maior aventura que um dia nos uniu: a vida.