quarta-feira, 30 de maio de 2012

Pra não dizer que não falei...




Nos esquecemos da dignidade que carregávamos no nosso peito arranhado

E somos humilhados e ironizados pela corrupção
Pela agressão e humilhação.
Estamos esperando acontecer (milagres?).
Porque criticamos na internet, nas redes sociais e em passeatas "mínimas".
Vamos embora e abaixar a cabeça para a impunidade.
Afinal, vivemos na razão do silêncio.
Não vivi no tempo que jovens realizavam seus sonhos.
Hoje vivo no tempo do bem acostumado mal jeito.
Porque pagamos a língua, pagamos hospitais públicos, escolas públicas, sustentamos prisões e salários de politicagem.
No Brasil me ensinam uma antiga lição: vem, vamos permanecer. Que esperar é realizar...
Vamos aplaudir nossos braços dados!
Vamos aplaudir nossa caminhada!
Vamos aplaudir nosso futuro!

No final das contas: "Pelo Direito que nos é dado pela Constituição, nos matemos CALADOS!"

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sigiloso



Eu tomo a cara à tapa de uma sociedade silenciosa
Que somente faz barulho com um gol na Copa.

Eu tomo a cara à tapa de uma política calada
Que somente emite voz com um "chute no traseiro" (que vem do estrangeiro)

Eu tomo a cara à tapa de uma Seção Sigilosa
Que somente impede a verdadeira queda de Cachoeira (e seus 79 "desvios")

E eu ainda tomo a cara à tapa por acreditar que ainda daremos (e teremos) um jeito!

PRA FRENTE BRASIL!!!

terça-feira, 1 de maio de 2012

A última escuta

Na verdade é um pouco perturbador ouvir o pensamento das pessoas. Mas pior do que isso é senti-los pelos batimentos cardíacos. Saber o que as pessoas gostariam de dizer, e na verdade não falam. Saber as ideias inovadoras e malucas de jovens que sonham. Ouvir os desejos e os prazeres de homens e mulheres. Simplesmente ver quem eles são de verdade. 

Por um acidente da morte, ganhei este dom ou, para alguns, esta maldição. Maldição seria se eu não pudesse controlar, mas eu posso. 

Andava pela rua, pensando no que comprar naquele Dia das Mães para a minha avó. Perdi meus pais assassinados. Fui criada pelos meus avós e pela bondade deles. Se você conhece a minha vózinha entenderia que mãe ela é. Os olhos cansados enxergavam mais do que meus olhos jovens. Ela enxergava a alma humana e encontrava a esperança no coração das pessoas.

A procura de seu presente na avenida movimentada de minha cidade, um carro descontrolado invadiu a calçada. Como em filmes e novelas vi a cena toda passando em câmera lenta. É como se eu pudesse controlar o tempo e o espaço, tudo parecia ser possível de mudar. Mas eu sentia, apenas sentia que teria uma única escolha: salvar-me ou salvar quem estivesse a minha frente.

Optei pela segunda opção e então...

Descobri que fiquei em coma por três meses. E que a pessoa que salvei, infelizmente morreu. Eu sabia que algo em mim estava estranho. O batimento das pessoas eu podia ouvir e também seus pensamentos. Somente com o tempo que aprendi a controlar quando eu quisesse ou não ouvi-los.

Já fiz muitas coisas com estes dom. Algumas das que me orgulho e outras que sinto vergonha. Mas neste exato momento eu podia ouvir o pensamento e senti os batimentos de meu avô doente. Descobrir algum tempo depois que minha avó falecera durante o período do meu coma e que meu avô apenas vem sobrevivendo a vida, mas neste instante eu tinha certeza de que seria o seu ultimo suspiro.

"Não queria mesmo que você me visse assim. Pode parecer frase pronta, mas eu realmente não queria. Mas  quero você aqui. Quero você aqui porque queria lhe dizer que o mundo está além do que podemos ver e tocar. E eu sei, e sinto que você sabe isso. Sabe da forma errada. Ouvir o pensamento das pessoas não o torna melhor do que elas, não o torna incrível e inigualável. Simplesmente o torna mais ignorante. Ignorante porque você acha que sabe tudo quando na verdade não sabe. Você não sabe das coisas essenciais, fundamentais e simples da vida. Você diz que ouve o amor, mas não o sente. Você diz que ouve o prazer, mas não o vive. E você diz ouvir a felicidade, mas não a escuta. Do que adianta então ter o pensamento dos outros e não ter tempo para ter os seus próprios pensamentos e sentimentos?"


O último pensamento de meu avô e minha última escuta.