quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Final

- Samantha? - disse Pietro no celular. - Samantha, por favor, me desculpe. Eles... - ele ia falar algo, mas percebeu que ela estava falando. - O quê? Você quer se encontrar com o governandor e o Secretário de Defesa?Mas... - ela não deixava ele falar. - Sim, tudo bem. Eu aviso que você antes que ver seus pais. Mas...

Samantha desligou o telefone e Pietro ficou falando sozinho no seu celular. Assim que percebeu que  a amiga havia desligado, ligou para o Secretário de Defesa.
- Ministério da Defesa, Cláud...
- Quero falar com o Secretário. - disse Pietro.
- Ele não...
- Eu sei que ele esta. Aqui é o promotor Pietro. Diga a ele que é urgente. Trata-se do caso do assassino do Sr. Ernestro Graão.
- Só um minuto. - disse a secretária. - Sua chamada será transferida.

Pietro esperou apenas dez segundos e o Secretário de Defesa atendeu.
- Não disse para você não me ligar aqui?! - disse ele.
- Desculpa Sr. Alexandre Spierr, mas ela me ligou.
- E o que eu tenho haver com isso? - respondeu em tom de grosseria. - Avise as autoridades, elas resolvem o problema.
- Ela disse que quer falar com o senhor e o Governador. Disse que tinha algo que vocês estão procurando.
O outro lado da linha ficou mudo por alguns minutos. Pietro não sabia se continuava a falar ou ficava calado.
- Senhor?
- Eu ouvi o que você disse. - respondeu ele agora um pouco mais calmo. - Não vamos nos encontrar com ela. Essa jovem não tem nada que nos comprometa.
- Bem, já que o senhor disse isso. - falou Pietro tentando entender o que ia contar agora. - Ela pediu para lhe dizer que a verdade sobre o gene e a lista será revelada. O que isso...
- Porra! - gritou no telefone. - Essa garota só nos mete em problemas. Caralho! - o telefone ficou mudo por trinta segundos. - Diga a ela que vamos nos encontrar, mas que queremos as informações que ela tem.
- Tudo bem senhor. O lugar é...

Pietro deu todas as informações. Samantha se encontraria com o Governador e o Secretário de Defesa no Tribunal da cidade às 20h.

Samantha não sabia o que estava fazendo. Confiou na palavra de um suposto inimigo e agora estava tão confusa que deixou sua vida nas mãos de um jovem de 17 anos. Pegou suas coisas no quarto. Juntou o dinheiro que Pietro havia lhe dado. Conversou mais alguns minutos com João Paulo, enquanto ele arrumava seu quarto. Tinha receio. "E se tudo der errado?", pensava Samantha. Mas o plano, já estava programado para esta possibilidade. Chamou um táxi e entrou no veículo.

Segurança. Era o que ela sentia agora no banco empoeirado do táxi. Não era mais sobre o teto de seus pais, nem ao lado de seus amigos. Era em um veículo que ela se sentia protegida. Protegida do mundo lá fora, dos seus inimigos ocultos. Protegida de mentiras, de corrupção. Samantha se sentia como um bebê no ventre de sua mãe. Respirou fundo antes de sair à luz e se despedir das únicas pessoas que ela poderia confiar: Sr. Nicolau e Dona Yasmin.

Falar com eles não foi difícil. O complicado foram eles aceitarem a proposta dela. A vida de Samantha para salvar a vida dos pais. Dona Yasmin repetia com lágrimas escorrendo pela alma que não aceitaria perder outra filha. "Pela segunda vez não!", gritava ela. Senhor Nicolau apenas ouvia, mas Samantha sabia que no fundo seu pai gritava de ódio e rancor. Ódio por ver que estava velho demais para tomar a posição da filha e rancor porque seu país foi entregue à mais obscura corrupção que ele não imaginava. No fim das contas, Samantha conseguiu convencê-los, mas assim como ela fez uma proposta inaceitável para os pais o mesmo fizeram à ela: "Se algo de pior lhe acontecer, eu e sua mãe tomaremos as providências para que o mesmo ocorra com o destino de nossas vidas.", foram as últimas palavras de Sr. Nicolau antes da filha sair de casa.

Samantha ligou para Pietro pedindo que ele também fosse a reunião para ela lhe entregar o dinheiro "roubado" e disse que cumpriria com a sua palavra. Depois ligou para João Paulo, o melhor amigo desconhecido, para se despedir e confirmar o combinado.

Eram 19h50min. O Governador e o Secretário de Defesa estavam no Tribunal. Junto com eles para a supresa de Pietro e Samantha, que chegaria em breve, estavam mais seis pessoas: o delegado da polícia federal, dois ministros, a secretária do Sr. Alexandre Spierr, a mulher do Sr. Ernestro Graão e o Chefe de Estado, Sr. Hector Barbent.

Samantha ao entrar na sala não demonstrou-se surpresa com a situação. Na verdade, esperava mais. Muito mais. Ela tinha medo. Afinal, era um ser humano. Depois que perdera a irmã deixou partir junto com ela a sua fé. Mas inconscientemente ela gritava desesperadamente por uma salvação e sabia que essa salvação dependeria apenas de um jovem de 17 anos.

- Senhora Samantha. - disse o Governador tentando parecer simpático. - Que prazer em vê-la.
- Eu não diria o mesmo. - respondeu ela.
- Mas é uma vagabunda mesmo. - disse a mulher de Ernestro Graão.
- Ei! - gritou Pietro. - Fecha essa boca para de falar dela.
- Não vamos começar uma confusão antes da hora. - falou o delegado.
- Antes da hora? - perguntou Samantha indignada. - Antes da hora vocês tiararm a vida da minha irmã. Isso sim.

Ficou um silêncio dentro da sala. Até que a secretária do Sr. Alexandre Spierr disse:
- Sua irmã não deveria meter o dedo onde não é chamada. Ainda bem que o delegado deu um jeito nela.

Samantha olhou para o ex chefe. Já tivera um caso com ele no tempo que trabalhava lá. O ódio subiu em sua cabeça, mas ela teve que se controlar. Já imaginava como ele podria ter matado a irmã. Sofia possivelmente confiara nele.

- Por que? - perguntou ela. - Por que todo esse controle?
- Por que? É isso que você quer saber? - perguntou o Secretário de Defesa. - Não é possível que você seja tão tola.
- Minha jovem - disse um dos ministros. - Poder é tudo. Imagina você controlar a sociedade. Quem deve morrer e quem deve viver? E isto tudo com uma justificativa: a pessoa tem o gene da agressividade.
- O que eles estão dizendo? - perguntou Pietro à Samantha.
- Não se faça de burro. - gritou ela. - Você está junto com eles. Você acha que eu não me lembro: " A Lei da Maioridade Penal foi aprovada junto com a Pena de Morte e eu faço parte disso.". Eu deveria ter desconfiado...
- Sua idiota! - disse o Secretário de Defesa rindo. - ele não sabe nem metade da história. Agora entrega logo o arquivo. Vamos adiantar logo a sua morte.

Samantha colocou a mão no bolso. E tirou um pen drive. Entregou ao Governador e disse:
- Um dia as pessoas irão saber a verdade.
- Não se a verdade estiver morta. - respondeu o Secretário apontando uma arma para Samantha.
Ele atirou. O tirou pegou em seu peito. Ela caiu no chão. Pietro caiu ao seu lado chorando. Não entendia o que estava acontecendo.
- Por que vocês estão fazendo isso. Me dizem, por que? - gritava Pietro.
- Coitado. - disse a mulher do sr. Ernesto Graão. - Até parece que ele ama essa vagabunda. Conte pra ele. Ele merece saber a verdade antes de morrer.
O Chefe de Estado começou a falar:
- A estúpida da irmã dessa vagabunda descobriu que o Estado havia comprado uma pesquisa clandestina nos EUA que analisava os genes humanos. Um dos nossos genes é responsável pela violência, ou pelo menos era pra ser. Já que só foi comrpovado uma relação de 60%. Só que com o que o governo americano não se sente grato, nós nos sentimos satisfeitos. Vimos uma oportunidade de limitar a sociedade. Imagine, nada de pobre, de fome, de burro, de vagabundo? - disse ele com um sorriso no rosto. - Apenas uma sociedade "justa". - e deu um sorriso maior. - Agora você deve estar se perguntando: como? Simples. Nós colocamos o gene no organismo da pessoa por meio de transfusões, transplantes ou até mesmo vacinas. E pronto. Ta comprovado que ele é um assassino.

Pietro olhava indignado para tudo aquilo. E ele ajudou. Ajudou sem saber de nada. Ajudou a construir uma mentira.

- Agora. - disse o delegado. - Chegou a sua vez. - Apontou a arma para o jovem.
- ESPERE!

Era uma voz no auto falante. Havia mais alguém ali.
- Veja o que acabou de passar em toda essa meia hora na televisão. - disse a voz misteriosa do auto falante.

O retroprojetor desceu. E nele foi lançada a imagem que nenhum dos nove que ali estavam esperavam ver. Um vídeo havia sido gravado naquela reunião. E passado simplesmente em todas as emissoras de televisão em tempo real. A sociedade agora via e sabia a verdade.

Antes de Samantha sair do hotel vagabundo, João Paulo lhe disse que sabia como poderia lhe ajudar. Era um risco a correr. Ele invadiu o sistema de televisão e gravopu em tempo real tudo que acontecia dentro do Tribunal, emitindo para todas as emissoras da televisão. "A melhor forma de destruir um Sistema, é usar um Sistema maior."

A polícia cinco minutos depois invadiu a sala. E para a surpresa maior dos que ali estavam, o outro ministro era na verdade um espião. Samantha simplesmente havia armado um plano sem esperar que tivesse ajuda.

Pietro ainda abraçava-a sobre seu peito.
- Pietro. - ouviu uma voz. - Me solta. Deixa eu respirar.
Samantha estava viva. Usava colete a prova de balas, mas ficara com uma marca enorme sobre o peito.

***

O Sistema ainda funciona. Ninguém sabe ao certo quem esta no poder. São os mocinhos? São os bandidos? A única certeza que o povo tem é que nós somos suas presas favoritas. Temos poder de decisão, mas eles compram isso de nós. Temos voz, mas eles nos tiram com a morte. Mentira? Pode até ser. Ficção científica? Talvez. Conspiração? Não sei.

A sociedade encontrar na política, na segurança e na saúde um refugio para seus problemas. Acredita que tudo será resolvido de um modo ou de outro. Mas ela mesma esquce de viver o presente e vive de esperanças.

Ninguém pode ressussitar da morte, como Samantha. Não podem nos mandar mensagens codificadas de pessoas que já morreram, como Sofia. Mas temos a habilidade de corremos atrás da verdade. E ninguém pode nos tirar isso.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Acabou :(
    e agora? ahushau qq eu faço? brinks,
    poxa gostei mtu, principalmente as considerações finais que voce colocou. Mtu legal msm, parabens!

    ResponderExcluir