terça-feira, 23 de novembro de 2010

Continuação IV...



Samantha tinha três certezas sobre aquela mensagem: primeira, a mensagem não revelava quem era o verdadeiro assassino; segunda, o que era para lhe trazer uma solução, na verdade, lhe trouxe mais problemas e; terceira, e a pior de todas, Samantha estava certa de que sua irmã não estava mais viva.
Depois de ver o vídeo, ela e João Paulo ficaram observando a tela esperando algo ou que tudo fosse apenas uma brincadeira. Mas não era. A situação era pior do que ela poderia imaginar.

- Isto é verdade? - perguntou João Paulo. - Ou é uma brincadeira de mal gosto?
- Parece que é verdade. - disse Samantha tentando demonstrar tranquilidade. - Agora sei porque minha irmã desapareceu. Aliás, você consegue descobrir quando este vídeo foi feito?

João Paulo mexeu em algumas configurações do arquivo e então veio a surpresa: a gravação era de dois meses atrás. Isto significava que Sofia estava, na verdade, se escondendo da família este tempo todo. Se fazendo de morta. "Fizemos um funeral para você!"; "Enterramos um caixão vazio, mas cheio de dor!"; "Você "matou" nossos pais e "matou" a minha alma sem dó!", pensava Samantha.
-Você destruiu nossas vidas! - disse sem perceber.

João Paulo olhou assustado para Samantha e a viu desabar no chão chorando uma dor insulportavel e inconsolável.
- Quantas vezes você quer nos "matar"? - perguntava Samantha olhando para cima, como se lá nos céus Sofia pudesse te ouvir.

João Paulo não sabia o que fazer. Saiu do quarto e voltou com um copo d'água para Samantha.
- Acho que ela fez isso para proteger vocês. - disse o jovem. - Foi o que ela disse no vídeo: "você não pode confiar em ninguém". Talvez sua irmã gêmea tivesse medo que pessoas próximas a vocês fossem inimigos dela.

Samantha não prestava muita atenção ao que o jovem dizia. Precisava de uma distração. De algo para livrar ela daquele redemoinho de mentiras e acusações. Ligou a televisão. Péssima decisão.

"Estamos aqui de frente a residencia do Promotor Pietro Augustus que teve seu cofre arrombado e roubado pelo, segundo indica as investigações, mesmo assassino do Secretário de Justiça do Estado. Esperamos um depoimento do Sr. promotor assim que ele sair de sua residencia."

"O que está acontecendo?", pensava Samantha.
Logo o reporter se virou para conseguir uma resposta de Pietro, melhor amigo de Samantha, a respeito do ocorrido.

"Sr. promotor, o que você tem a dizer sobre o ocorrido?" - perguntou o reporter.

Samantha viu o amigo olhar para a câmera. Estava com um olho roxo e com alguns pequenos arranhões no rosto. Seus olhos demonstravam algo que Samantha não sabia identificar.

"As investigações estão progredindo. Logo o assassino se entregará às autoridades.
 
Passou mais algumas informações sobre o caso que nem Samantha nem João Paulo prestavam atenção. Agora Samantha tinha outra certeza: seu amigo lhe traira. E sua irmã tinha razão quando disse para não confiar em ninguém além de seus pais, mas Samantha não poderia acreditar que Pietro fosse lhe dar esta apunhalada pelas costa. "Ele não!".
- Você roubou mesmo o dinheiro? - perguntou João Paulo.
- Primeiro, eu não roubei. - disse ela com raiva. - Ele me deu o dinheiro. E caso você não ouviu, eles acreditam que seja o mesmo assassino do Secretário. E...
- E caso você tenha esquecido. - interrompeu. - Você é a principal suspeita.

Ela não queria continuar aquele assunto. O mundo simplesmente tinha lhe virado as costas. Não poderia voltar para seus pais, pois colocaria eles em risco. Sua irmã estava realmente morta. Seu melhor amigo lhe traira. E qualquer um pode estar envolvido nessa rede de mentiras. Estava agora sozinha. Sozinha, e cedo ou tarde seria acusada de um crime que não cometera. Seria calada para não contar ao mundo uma verdade obscura.

Nesse meio tempo se lembrou de quando ela e a irmã eram crianças e brincavam de polícia e ladrão com os amigos. Era apenas uma brincadeira. Mas era a realidade. Se escondiam atrás de carros, em cima de árvores e atrás de muros e pilastras. Agora ela era a polícia e o ladrão ao mesmo tempo. Era a mocinha para os poucos que sabiam a verdade, todavia era a vilã para o sistema corrupto e logo, também seria, para a sociedade cega. Samantha queria voltar a ser criança e viver tudo como se fosse apenas uma brincadeira, onde os policiais prendiam os bandidos e no final todo mundo saia amigo de todo mundo. Mas o mundo é seu maior inimigo. E ela parace ser a única vilã da história. É ela que será chamada de assassina. É ela que será julgada. E será a Samantha que será acusada a pena de morte.

Samantha dizia que nunca tinha medo da morte. Mas a morte lhe dava arrepios agora. Morrer sempre passou pela sua cabeça como algo natural da vida humana: nascemos, vivemos e morremos. Nada mais justo. "Será?", ela agora se perguntava. E era a segunda vez que ela lhe fazia esta pergunta. A primeira havia sido na suposta morte de Sofia. Talvez a idéia de morrer lhe dava mais arrepios, porque não seria de repente; seria com data, hora e local marcado. Se não hoje, no máximo daqui duas semanas.

- Ei! - João Paulo bateu em seu ombro. Estava fazendo isso cerca de alguns minutos.

Samantha o olhou:
- O que foi? -  falou com voz de choro.
- Pelo amor de Deus! Se recomponha!. - disse João Paulo. - Você tem mais de vinte anos e se comporta como se tivesse a minha idade.
- Será que você não entende? - Samantha gritou. - Sou eu contra um Sistema todo. Quem vai acreditar em mim e quem vai me ajudar?
- Acho que eu sei como posso te ajudar. - disse João Paulo pensativo.

 

Um comentário:

  1. :OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
    Acho que a Sofia não morreu ainda, heinn?!!!!!!!

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