domingo, 21 de novembro de 2010

Continuação III...



Samantha pegou o pen drive, desconectando-o do computador. Ficou pensativa em quem poderia procurar para que aquela mensagem fosse descodificada. Pensava em antigos amigos da faculdade que entendiam de computador, mas tinha receio quanto a tudo e uma desconfiança ainda maior. Pesnou em alguém do trabalho, mas desistiu da idéia imediantamente. Os amigos da faculdade pareciam ser a solução menos arriscada.

- Acho que o nerd ali do hotel da outra avenida entende disso. - falou o garoto que emprestou o computador - Ele um dia tirou o vírus do meu computador em dois minutos. Coitado.
- Por que "coitado"? - perguntou Samantha sem entender.
- Em alguma coisa nessa vida a gente tem que ser bom. - disse ele olhando e fazendo uma cara de "bom Juan". - Eu sou bom com as mulheres. Ele é bom com computador.

Samantha deu pouca atenção ao que o garoto disse. Era de se esperar atitudes daquelas de um garoto daquele. Ela poderia arriscar e tentar com o nerd da recepção do seu hotel vagabundo a resolução de seu problema. Atravessou a avenida e pela primeira vez depois de dez horas sem uma sensação ruim, sentiu que estava sendo observada ou que estava perto de ser descoberta. Talvez fosse apenas uma sensação, mas estava decidida a não perder tempo. Se tivesse que correr um risco que fosse com o garoto da recepção

- Com licença. - disse ela.
O garoto apenas levantou a cabeça e lhe entregou as chaves do quarto da jovem.
- Não. Eu não quero as chaves do meu quarto. - respondeu. - Quero que você me ajude a descodificar um arquivo que eu tenho no meu pen drive.
Ele agora parecia dar mais atenção. Mas abaixou a cabeça de volta à revista.
- Olha. Eu preciso muito da sua ajuda. É caso de vida ou morte.
Ele abaixou a revista e devagar levantou a cabeça.
- A última vez que alguém me disse para eu resolver um problema de vida ou morte me deram isto de presente. - disse ele apontando para a perna.
Samantha viu que a perna do garoto tinha uma espécie de identificador. Ele estava em prisão domiciliar.
- Me pediram ajuda pra entrar em um sistema da força aérea. Era divertido brincar com os operadores. Mas...
Samantha sabia o que o garoto ia dizer. "Mas a brincadeira saiu fora dos limites". João Paulo, este era o nome do jovem, contava a história que ocorreu há dois anos. Quando hackers invadiram o sistema operacional da Força Aérea e caudaram um grave acidente. Matando 30 pessoas e deixando 150 gravemente feridas. Essa invasão de sistema deu um grande problema para à Polícia Federal. Samantha não sabia se sentia ódio do garoto uma um certo alívio. Ódio pelas mortes e confusões que ele causou na época e, alívio por ter certeza que ele rsolveria seu problema.

- Não vem ao caso o que aconteceu há dois anos. - disse Samantha tentando se concentrar. - Se fosse hoje, no lugar de um identificador na perna, você teria um ramalhete de flores sobre seu corpo morto. - ela complementou. - Agora será que poderia me ajudar?
João Paulo percebia o tom de urgência na voz de Samantha. E sentiu que o pen drive da jovem poderia lhe causar problemas.
- Em que problema que você esta metida?
Samantha não tinha muito tempo. Iria contar a verdade a um garoto desconhecido. Sentia que cedo ou trade ainda seria descoberta.
- Eu posso ser acusada de matar o Secretário de Justiça do Estado que supostamente eu nem conhecia. E este pen drive é a minha única salvação. - disse Samantha desesperada.

O garoto não sabia por quê, mas pegou o pen drive e de se dirigiu para a porta que tinha na parede ao fundo, atrás do balcão da recepção. Samantha ao entrar, encontrou um quarto bagunçado. Um cochão jogado sobre o chão, um armário de madeira pequeno com duas portas e um computador sobre uma mesa bastande organizada. Um cômodo um tanto contraditório.
- Você vive aqui? - perguntou a jovem assustada.
- Sim.
João Paulo conectou o pen drive no computador que tinha em seu quarto. Mas antes de abri-lo ele olhou para Samantha e disse:
- Eu não sei por quê eu estou fazendo isso. Mas há dois dias apareceu um homem aqui dizendo que uma mulher apareceria com um arquivo para eu descodificar. E disse que se eu a ajudasse minha ficha ficaria limpa.
- Quem... - Samantha ia perguntar.
- Não adianta você me perguntar quem era a pessoa. Ela não disse o nome e nem nada. Estava com um capuz tampando o rosto. - disse ele sentindo um arrepio no corpo. - No dia pensei que ia ser morto. Mas é muita coencidencia para uma semana só. Por isso vou te ajudar.

Ele abriu o pen drive e depois disso Samantha não conseguiu mais acompanhar o raciocinio do garoto, nos primeiros dez minutos ele explicava passo a passo o que fazia. Mas Samantha perdeu o interesse e ele desistiu de continuar a explicação. A jovem percebia que João Paulo tinha certa dificuldade para decodificar o arquivo, mas quinze minutos depois o problema estava resolvido.
- É um vídeo. - disse ele com um sorriso no rosto. - Muito esperto que fez este arquivo codificado. - seu sorriso aumentou. - Mas não mais que eu. Está pronta?
Samantha sentiu um calafrio sobre o corpo. Bastava apena um click. Um click apenas para ela descobrir a verdade.
- Estou.

João Paulo clicou e no vídeo surgiu Sofia. Ela estava acheitando a câmera sobre seu rosto. Estava andando em um túnel. Estava ofegante, em alerta. Ouvia passos sobre poças d'água. Não estava sozinha. Estava acompanhada de amigos e, Samantha sabia, de inimigos.

"Samantha se você estiver vendo este vídeo eu provavelmente já estou morta. Eu confio em você mais que tudo. Sei que você é minha única esperança. Antes de dizer qualquer coisa gostaria que você não confiasse em ninguém além de nossos pais. Qualquer um pode ser inimigo. Quando fui para os EUA para um curso profissionalizante fui também convidada para trabalhar em um jornal local de uma cidade pequena. Você sabe disso porque lhe enviava e-mails. Mas eu sei que você notou que eu estava mais fechada quando voltei de lá. Estava mais triste, desanimada e cansada. Preste atenção Samantha ao que vou te mostrar agora."

Ela levantou uma lista com diversos nomes estrageiros e de brasileiros, dentre eles estava o Secretário de Justiça do Estado.

"Este papel contém o nome dos verdadeiros assassinos que o mundo não conhece. Nos EUA eu descobrir que cientista numa área isolada da cidadezinha onde eu estava, faziam experiementos com os genes humanos e descobriram que um gene em particular era responsável pela violencia. A questão é que eles, a fim de, supostamente, inibir a violencia, passaram a realizar testes com crianças e jovens. Aplicando estes genes nos jovens e crianças que não tinham e comparando os resultados com os que tinham. O teste deu 60% de relação e o governo americano acreditou que era uma relação insatisfatória. Contudo, haviam agentes cladestinos em busca de lucro e venderam a pesquisa para outros países. O Brasil foi um dos escolhidos."

Sofia abaixou a câmera apontando-a para o chão. Alguém parecia se aproximar.

"Presta atenção, Samantha. O governo brasileiro esta usando tal pesquisa para incriminar jovens e adultos. Os que tem o gene são acusados de crimes que não cometeram. A gente está tão ferrado que até mesmo as pessoas que não têm o gene estão sendo incriminadas. Os médicos que fazem parte deste sistema corrupto passam os genes por tranfusões sanguineas, doações de orgão e até mesmo vacinas. Tudo isso para obter controle e poder."

Ela abaixou a câmera outra vez. Estava mais ofegante. Corria mais.

"As pessoas precisam saber a verdade. Não estamos seguros. Daqui a pouco jovens e crianças serão mortos injustamente..."

A gravação foi interrompida e Samantha ouviu alguém gritando no vídeo:

"Sofia desliga esta câmera. Eles vão nos achar. Desliga esta droga."

Só se ouvia a respiração deles. Estavam em um lugar mais escuro. E não dava para identificar os rostos.

"Corre!!! Corre!..."

Voltou para a página do documento.

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