quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Nem claro e nem escuro

O céu brilha lá fora. O sol invade minha humilde sala ainda com o cimento no chão batido. Vejo pássaros rasgando as nuvens e formando uma harmonia incompreensiva aos olhos humanos. A claridade acalma a minha alma e ilumina o meu espírito. Segurança é isso que sinto. Vejo as crianças correndo na grama e deslizando sob a lama. Vejo a pureza de um sorriso.

O céu escurece. E apaga a luz do dia claro. Surgem nuvens negras. Negras de lágrimas que caem do céu. Negras de tragédias futuras. Negras como a escuridão. Caem pequenas gotas do rosto manchado lá de cima. Caem sobre minha cabeça, sobre meus braços, sobre meu peito. Inundam meus dedos com o frio. Inundam meus joelhos com lama. Inundam meu coração com a dor e sofrimento.

Ouços gritos sufocados pela água. Ouços ruídos vindos do fundo. E um estrondo la de cima. Me pergunto se é um trovão ou o meu abrigo caindo na correnteza do esquecimento. A água sobe. Sobe o infinito. Pois meus pés não buscam mais o chão, mas a certeza se sobrevivencia. Minhas mãos buscam um apoio ou um amigo ou até mesmo um morto. Procuro por vida ou pelo o que restou dela. Procuro as crianças e seus sorrisos. Procuro a luz.

Não mais negro, não mais escuro. Mas cinza o céu permanece. Não é mais claro como uma beleza de um céu ensolarado. Não tão negro como a dor dos destroços ou de um sorriso apagado pela chuva. Mas cinza. Como uma lembrança que não pode ser apagada. Cinza...

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