segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um anjo




Não cabe a mim decidir se irão ou não acreditar. Mas coloco aqui como os fatos foram relatados a mim. 



Quando criança ouvi histórias sobre princesas em seus castelos, bruxas, dragões, príncipes, fadas, duendes e tantos outros seres imaginários. E, até hoje, eu prefiro acreditar neste mundo cheio de vida do que nesta realidade cheia de dor. Mas nenhum destes contos me chamava mais atenção do que o que meu avô me contava.

Dizia meu velho caduco que entre os homens existiam anjos. Mas que era impossível o enxergarmos assim porque a humanidade tinha a incrível tolice de dar nome a tudo até aquilo que não pode ser explicado. Então me contava ele que nem sempre o anjo assume a forma humana, as vezes pode ser um pássaro ou um cachorro. Mas a maioria em si gostava de ocupar o corpo humano. Eles adoravam o sentimentalismo, a dúvida, a insegurança, a criatividade do homem. Mas o que eles sempre adoravam na humanidade era a raiva que sentimos e com a mesma grandiosidade somos capazes de perdoar.

Meu velho me disse que o anjo dele chamava-se Sophia, sua melhor amiga. Eles se conheceram no ensino médio, mas tiveram a vida inteira de sorrisos, lágrimas, recordações, momentos e despedidas. Meu avô me contou esta história quanto eu completava meus dez anos, no mesmo dia em que Sophia faleceu. Eu estava junto com meu velho no hospital.



Eu poderia dizer que vi uma luz transbordando do corpo de Sophia para dentro do coração do meu avô, mas seria uma antiga lembrança de uma infância. Afinal eu era apenas uma criança tentando acreditar em contos de fadas. Todavia, ainda insisto em repetir o que Sophia disse ao meu avô:

"Não é preciso acreditar em contos de fadas para ter coragem para enfrentar este mundo. Não é preciso sonhos para se ter certeza de que está sonhando. Nem de momentos para se ter a convicção de que estamos vivendo. Basta apenas a presença de um anjo em especial para mostrar-nos que não precisamos de asas para voar. O que você abraça com amor e chama de amigo, companheiro ou família é um anjo que propositalmente caiu em nossas vidas, mas acidentalmente apaixonou-se por você."

Imagine que basta apenas um e somos rodeados por muitos.

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