sábado, 28 de novembro de 2015

O telefonema



Olá, tudo bem?

Sou eu. Espero que ainda se lembre se mim. E, por favor, senão lembrar não desligue. 

Bem...antes de tudo, me desculpe... Por ter dado adeus depois de uma noite de amor e ter desaparecido sem dar notícias. Apenas uma carta estúpida dizendo: "Desculpas, mas não quero me arriscar." Estranho falar isso agora, mas você seria meu melhor risco, minha maior aventura.
Realmente, me desculpe por tudo que fiz! Por ter aparecido naquela festa e ter te chamado para dançar. Por ter ido tantas vezes ao cinema contigo. Por ter saído pra jantar. Por fazer guerra de travesseiro e de sorvete. Por ter me apresentado a sua família. Por ter te dado beijos, abraços e esperança de que seria eterno.


Hoje te vi com outra pessoa. E, depois de tanto tempo, achei que não faria diferença. Mas fez. E como fez. Alô? Você ainda está ai? Desculpa... pensei que havia te perdido mais uma vez. Na realidade, esta seria a primeira vez. Afinal, fui eu que te abandonei. Então estou aqui, dando um alô do outro lado da linha, apenas para pedir desculpa pelo que fiz. Mas também para agradecer, por tudo! Quando a gente era jovem e estúpidos, alegres e otimistas. Com certeza, a melhor fase da minha vida foi com você! Me lembro de quando inventávamos que íamos andar de bicicleta, apenas como desculpa para nos encontrarmos. E de quando eu preparava o jantar para você e você a sobremesa para mim. Bons tempos! E apesar de bons, você também estava nos meus piores. No enterro de meu pai. Sempre ao meu lado, segurando minha mão.

Não te liguei, apenas porque te vi com outra pessoa. Nossas vidas continuam. Sei disso. Mas confesso que doeu. Afinal, também hoje sonhei com você e com a nossa outra possibilidade, se eu não tivesse partido. O arrependimento é algo com certeza ingrato. Fui eu quem machucou seu coração, mas no fim foi o meu que saiu destruído. Liguei um pouco tarde ou tarde demais. Mas precisava tentar. Acho que um pouco da sua esperança, de quando éramos jovens, me atingiu. Havia uma certa divergência entre a gente. Lembra? Eu era caos e você serenidade. Você otimista e eu pessimista. Não haviam segredos, apenas o nosso pote de desejos, um disposto a ajudar a realizar o sonho do outro.

Mas, enfim, me desculpe, por tudo que fiz! Ainda sim precisava te ligar. Seja para ouvir sua respiração ou sua voz me dizendo adeus. Então "amor", se ainda puder lhe chamar assim, lhe agradeço por se minha melhor parte. 

Oi? Como?

E quem diria que aquela ligação reencontraria e mudaria as nossas vidas?






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